“Quem acha que a Bíblia é machista não a compreende. Por toda sua narrativa vemos diversos e diversos relatos de mulheres que foram de crucial importância para o desenrolar histórico do povo judeu e para que os desígnios divinos fossem estabelecidos”

*****

A mulher é uma dádiva divina. Um presente que Deus ofereceu ao homem, dando-a para lhe fazer companhia. E, segundo o relato do Gênesis, tirada de uma costela sua, não de qualquer parte mais baixa de seu corpo. A mulher, conforme as Escrituras, é uma companheira, não uma serva. Ela é a ajudadora, não uma serviçal. A tradição judaico-cristã, portanto, não é machista, mas valoriza a mulher como uma jóia preciosa.

Alguns modernos pensadores e palpiteiros dirão, no entanto, que a Bíblia relega à mulher a posição de mera auxiliar sujeita aos desmandos do homem. Indicam o texto de Gênesis, onde Deus afirma que o desejo dela seria para seu marido e que este a governaria (Gn 3.16). Aliás, muitos cristãos também usam esse texto para justificar uma submissão feminina que chega a ser opressiva mesmo.

O que essas pessoas não entendem é que aquela afirmativa divina não continha nenhum tipo de ordenamento, nenhum tipo de determinação. Ali há uma mera constatação de um efeito do próprio afastamento do ser humano da relação com Deus, o que, teologicamente, é chamado de Queda. Tanto que a tal submissão feminina é descrita juntamente com suas dores de parto. Isso quer dizer que tanto esta quanto aquela possuem a mesma causa, e são consequências de um mesmo fato: o pecado.

A afirmativa divina constata como seria a vida da mulher naquele ambiente onde Deus estaria afastado, onde o homem não teria a intimidade com o Criador. Se antes da Queda a mulher era auxiliadora e companheira, tirada de um osso central do corpo masculino, após a expulsão do paraíso seria ela mais frágil fisicamente, sujeita ao desejo de alguém mais forte e, por isso, dependente dele. Sim, dependente, até porque o mundo sempre foi violento demais e inóspito para os mais frágeis.

As Escrituras, de qualquer maneira, não fazem apologia da submissão feminina, apenas a constata. E quando o apóstolo Paulo aconselha as mulheres a respeitarem tal submissão, ali está menos uma opressão institucionalizada do que uma mera orientação social. Se a natureza, ainda que decaída, impõe a primazia física masculina, respeitá-la permite evitar o caos e dar proteção à mulher.

Quem acha que a Bíblia é machista, portanto, não a compreende. Por toda sua narrativa vemos diversos e diversos relatos de mulheres que foram de crucial importância para o desenrolar histórico do povo judeu e para que os desígnios divinos fossem estabelecidos. A mulher foi valorizada por ela como um diamante e tida por digna dos mais altos elogios.

Na verdade, o cristianismo não é machista e tem a mulher como personagem importantíssimo para o desenrolar dos planos divinos, inclusive essencial para que o próprio Deus se fizesse homem. Diante disso, não podemos negar que tanto o machismo como o feminismo são frutos de uma incompreensão generalizada do verdadeiro papel dos sexos diante de Deus.