suicaHá um abismo entre a perspectiva sobre a função do Estado, no Brasil, e a que existe em uma nação que formou-se baseada em uma identificação muito forte entre seus cidadãos com a terra onde pisam, como a Suiça.

Não por acaso, os suiços se encontram entre os mais prósperos do planeta. Todavia, tal prosperidade se revela além das questões econômicas, mas no respeito que se dá, por lá, às liberdades individuais dos cidadãos, e que se refletem na garantia dos direitos de cada um deles, como a possibilidade de portarem suas armas, por exemplo.

Por isso, quando vemos que os suiços rejeitaram a possibilidade de receber do Estado, mesmo sem trabalhar, um benefício mensal equivalente a dois mil euros, até que o resultado do plebiscito não surpreende.

É que os suiços tem plena consciência que o Estado não pode oferecer esse tipo de benefício sem que, ao menos em médio prazo, o preço não seja cobrado. Como o Estado não gera riquezas, em pouco tempo com esse tipo de oferta benevolente, para seguir com os benefícios será necessário aumentar impostos, por ser esta a única forma que o governo tem de arrecadar dinheiro. Com o aumento de impostos, a economia será afetada e, no fim das contas, eles sabem que, apesar do benefício, ficarão mais pobres.

No entanto, tal raciocínio só é possível em uma comunidade que aprendeu a valorizar a liberdade individual e experimentou os frutos de sua política liberal. É mais do que um tipo de visão política, é a convicção oriunda da experiência.

Aqui, em nosso país, porém, como não desenvolvemos essa consciência, fazendo que esperemos do Estado quase tudo, achando, sinceramente, que é obrigação dele fornecer todo tipo de vantagens, imaginar um povo que rejeita o recebimento, sem qualquer tipo de contraprestação imediata, de um salário de mais de nove mil reais, é impensável.

Por estes lados, um político que prometesse isso seria eleito pela maioria esmagadora da população. Enquanto, na Suiça, o próprio povo avisa que, por lá, promessas demagógicas não colam.