Frithjof Schuon, ao propor a existência de uma unidade transcendente das religiões, faz isso baseado em sua convicção de que “uma religião é forçosamente uma forma (…) por seu modo de expressão”.
Considerando que “uma forma, por definição, não pode ser única e exclusiva“, isso daria margem ao entendimento da possibilidade de uma verdade religiosa universal, que seria una em seu mais profundo sentido, apesar de múltipla em sua manifestação externa.
O que, porém, me parece que Schuon deixa de lado é o fato de que uma religião não pode ser definida apenas por sua forma, mas possui fatos históricos que são a base e o fundamento de sua expressão exterior e posterior.
Com isso eu quero dizer que me parece impossível que as religiões possuam algum tipo de unidade quando seus fatos fundadores não são compatíveis entre si, por vezes até contrapondo-se.
Por exemplo, se a morte de Cristo pretende ser um fato expiatório, possibilitando, por meio dele, a salvação de todos aqueles que o aceitarem, como conciliar isso com a expectativa maometana que sequer considera a existência desse fato, menos ainda dos efeitos pretendidos por este?
É verdade que Schuon vai explicar isso dizendo que os fatos, que seriam a Revelação das religiões, possuem um alcance limitado, conforme as circunstâncias e localidade, mas seriam eficazes naquele ambiente específico, apesar de representarem apenas símbolos em um sentido universal. No entanto, dizer isso é o mesmo que negar a validade desses fatos, pois se um fato é apenas um símbolo que, em vez de conduzir ao sentido real mais profundo, apresenta-se como sua negação, inclusive reivindicando a interpretação absoluta de si mesmo, então ele não pode ser considerado verdadeiro, nem mesmo de maneira limitada. O símbolo, para ser válido, não pode negar seu sentido mais profundo, ainda que não o revele com claridade.
Considerando isso, é preciso lembrar que não pode haver unidade onde não há compatibilidade, e esta, para existir conforme a pretensão dos esotéricos, precisa ignorar os fatos históricos, tratando-os, se não como inexistentes, ao menos como irrelevantes em seus efeitos espirituais pretendidos e menores diante das chamadas verdades metafísicas, transcendentes e superiores pregadas pelos iluminados.
Para aceitar-se uma unidade transcendente das religiões, portanto, é preciso mutilá-las, tornando os fatos que lhes dão sentido meros símbolos, com alcance limitado e completamente irrelevantes diante da profundidade da verdade esotérica.
A unidade transcendente das religiões, na verdade, me parece apenas mais uma doutrina competindo na infinidade de doutrinas que já existem por aí. E apesar de parecer unir os credos, o que faz é rejeitá-los, talvez, no máximo, tolerá-los, mas, de fato, torná-los inúteis ante um sentido que apresenta-se como mais profundo que todos eles.
Publicado originalmente em Teologosofia
Caralhôooo.. derrubou em três parágrafos livros e mais livros, todas as civilizações da história e suas religiões. CARALHÔOOOOO. (Vc é abortista?)
Tagarelou, tagarelou e não disse nada além de um blablabla malabarista tecnico a respeito de divergências doutrinárias – e pra isso não precisa um texto verborrágico, qualquer um entende que as religiões mencionadas se diferem quase que integralmente entre nesse aspecto –
todo esse texto é inútil do ponto de vista METAFÍSICO que é a pontuação para qual tu te propôs refutar.
Na verdade tua explicação só tem pretensão, mira uma coisa discorrendo sobre outra.
No título já tá a síntese da tese. A unidade é no reconhecimento (metafísico) da “estrutura” da realidade e em nenhum outro lugar.
As pessoas ainda tem dificuldade em separar política e religião. E individual e social. O resultado é confusão. Enviesamento que seria desnecessário se soubessem o critério de demarcação.
Parabéns! Seus argumentos são muito persuasivos e colaboram muito para o debate sobre o tema.
Cara, fiquei com pena dos seus alunos depois de ler tanta idiotice, na boa você é um evanjégue metido a sabichão é uma pena que possua alunos.
Que coisa, estou lendo algo que pensa como você…. Para Schuon – os islamismo Sufi é belo, tolerante, consciente. Estou vendo uma nota sobre o livro de Schuon publicada na Folha de São Paulo que vê o Islã como intolerante e violento. Isso tudo me faz lembrar do filme: Cruzada (2005) quando o Ferreiro participa da batalha do rei leproso (metáfora de todo mandatário: caduco, cego, que quer manter-se no poder), e do lado dos muçulmanos está o Rei Saladino – que no filme pega o crucifixo e põe de pé na mesa (umas das últimas cenas do filme). É esse mesmo rei que vai se tornar uma das imagens da conduta cavalheiresca da Idade Média. O que houve com o diálogo da Europa com o Oriente Médio? Por que se perdeu? O que vemos hoje é reflexo do que? Obrigado, Aduad Attar.