A inferioridade dos iguais

Toda ideologia de gênero e racial não se contenta com o oferecimento da igualdade de direitos ou de oportunidades. Ela vai além e usurpa o aparelho estatal para impor essa igualdade, como uma forma de compensação, em favor de grupos específicos. Ao fazer isso, acaba por tratar de maneira desigual os iguais, contradizendo exatamente aquilo pelo que afirma lutar. Seu grito é de igualdade, mas ao requerer normas que lhes favoreçam, neste exato momento, proclama sua inferioridade.

Quando, por exemplo, a lei determina que os partidos políticos devem ter um número mínimo de mulheres candidatas e exige que eles invistam uma porcentagem de seus fundos partidários para financiar campanhas femininas, há, nessa regra, uma afirmação implícita de que homens e mulheres não são iguais, tanto que elas precisam do uso coercitivo da norma a fim de obter uma pretensa igualdade.

O mesmo ocorre com o indiscriminado oferecimento de cotas conforme a raça. Ao determinar que certa raça tem direito a um número mínimo de vagas em um concurso, por exemplo, a lei está afirmando que ela não é igual as outras e precisa do apoio estatal para se estabelecer.

Se a Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei, o princípio da isonomia conduz a que todos devam ser tratados da mesma forma, a não ser aqueles que, por algum motivo específico, possuam algum fator distintivo que os torne diferentes e inferiores.

Por isso, leis especiais para gênero, raça ou preferência sexual são uma afronta à coletividade. Sempre que um grupo, composto por pessoas que não possuem qualquer traço distintivo que os diminua diante dos outros, é beneficiado por leis específicas, é certo que estamos diante de uma imposição tirana. São pessoas com as mesmas possibilidades e capacidades que as outras, porém que se socorrem da ideologia impregnada na cultura e no aparelho estatal para conquistar vantagens não concedidas a outros grupos.

Sempre que há um direito compensatório, é certo que estamos diante de uma afronta. E os grupos que o conquistam fazem questão de tripudiar do resto da sociedade com isso. Mas apesar de comemorarem tais conquistas, não se deve esquecer que elas foram adquiridas às custas de sua própria honra, pois apenas as alcançaram declarando, ainda que implicitamente, que são inferiores.