Me lembro bem, lá pelos idos dos anos 80 e 90, como havia se tornado costume nas igrejas se referirem à Nova Era como um movimento fundamentado em símbolos e mensagens subliminares, existentes com o intuito claro de confundir os cristãos. Nas reuniões era comum passarem slides com imagens dos símbolos esotéricos, rodavam discos ao contrário, em busca de alguma mensagem escondida, analisavam desenhos, procurando uma imagem semi-oculta que atentasse contra a moral e os bons costumes. Pode-se dizer que foi uma verdadeira cruzada contra a chamada New Age.

Aquela moda, no entanto, arrefeceu-se e, já nos anos 2000, o foco passou a ser menos naquelas manifestações esotéricas e mais nos movimentos políticos e financeiros que, percebeu-se, tinham o claro intuito de dominar o mundo. Não que houvessem esquecido da New Age, mas ficou evidente que ela era apenas um braço de algo maior, que tinha nas fontes milionárias o início e o financiamento de tudo.

Na verdade, quando popularizou-se os estudos sobre a Nova Era, o que chegou ao conhecimento do público foram apenas as manifestações mais exteriores do movimento. Com isso, o foco esteve, quase todo o tempo, sobre os amuletos, as ideias mais populares, as movimentações mais conhecidas e as pessoas mais famosas. De alguma maneira, tudo aquilo foi bom para despertar as pessoas em relação aos perigos que o esoterismo New Age proporcionava para a Igreja e para a sociedade. No entanto, passado o tempo, não havendo mais o que falar sobre aqueles aspectos mais superficiais do movimento, as comunidades cristãs praticamente esqueceram do que tratava.

Diante disso, a pergunta que eu faço é: a Igreja parou de falar sobre a Nova Era porque o assunto esgotou-se ou, o que infelizmente parece ser o que aconteceu, ela acabou assimilando muitos dos preceitos de seu esoterismo e diluiu sua percepção do perigo que enfrenta? Será que a Nova Era se infiltrou nas paróquias e congregações e hoje está tão penetrada no cotidiano da vida espiritual dos cristãos que já sequer pode ser percebida como elemento estranho ao cristianismo?

Não podemos esquecer que uma das características da Nova Era é criar uma forma de sincretismo que permite que ela se comunique com os diversos tipos de religiões existentes no mundo. Com o cristianismo não é diferente. Se aproveitando daquilo que ele tem de similar com outras religiões (e sempre há algo parecido em todas as religiões), será que a Nova Era conseguiu invadir as comunidades cristãs, influenciar suas práticas e acomodar-se no seio da Igreja sem sequer ser percebida, nem mesmo pelos líderes?

De tudo que tenho estudado, já não tenho mais nenhuma dúvida que o presente momento é o mais perigoso para a Igreja Cristã, em relação ao movimento Nova Era. Isso porque, se antes ele era um estrangeiro, com ideias exóticas e práticas muito diferentes daquelas existentes dentro das igrejas e, por isso, facilmente identificável e combatido, agora ele passou para um estágio adiante em sua marcha para descaracterizar a religião cristã, que é a infiltração sorrateira e cínica, que faz com que suas ideias sejam assimiladas pelos cristãos, sem que estes percebam. Pior ainda, acabam acreditando que estão praticando algo verdadeiramente cristão, quando nada mais é do que o misticismo esotérico e orientalizado da Nova Era.