No 3º episódio, do último programa A Hora Final, fiz uma pequena reflexão sobre a intolerância da fé evolucionista, que não se abre para a possibilidade sequer de analisar as razões criacionistas, tomando-a meramente por uma expressão religiosa, sem qualquer relevância científica, sendo, assim, indigna de ser considerada.

Antes mesmo do programa ir para o ar, já havia ouvintes reclamando do tema, tripudiando do assunto, dizendo que sequer o ouviriam. Suas intervenções consideravam, principalmente, que falar sobre isso era algo ultrapassado, como se a coisa já estivesse definida e não merecesse menção.

Em uma atitude típica de um fiel de seita, o ouvinte considera que qualquer crítica ao evolucionismo é um retrocesso e quem o faz é passível de pronta zombaria e desprezo.

Confesso que não sou um especialista em ciências biológicas, mas também não sou tão estúpido a ponto de não perceber que há alguma coisa errada nessa forma de agir dos defensores do evolucionismo.

O que eles deveriam se perguntar, antes de tudo, é qual a melhor postura para um cientista. Considerando que a ciência é uma constante revisão de tudo, que ela está sempre em busca de entender a realidade e, para isso, não pode se conformar com aquilo que já foi conquistado por pesquisadores anteriores, seria correto fechar-se em uma ideia, como a evolucionista, como se ela fosse um dogma de fé? Essa atitude não seria, na verdade, anti-científica?

Certamente, o mais irônico disso tudo é que um cientista cristão pode, muito bem, aceitar, como muitos aceitaram, ideias relativas à teoria da evolução, sem que isso destrua seus princípios cristãos. Do outro lado, um cientista evolucionista não consegue aceitar o criacionismo sem que se sinta impelido a abrir mão de sua convicção evolucionista.

Os criacionistas, nesse ponto, estão muito mais livres para manejar suas teses científicas, enquanto os evolucionistas, simplesmente, se fecham em sua hermética hipótese. Nesse sentido, Chesterton escreveu,e m seu livro Ortodoxia, algo muito similar, ao se referir aos materialistas:

“O cristão tem perfeita liberdade para acreditar que existe uma considerável quantidade de ordem estabelecida desenvolvimento inevitável no universo. Mas ao materialista não é permitido admitir em sua imaculada máquina a menor mancha de espiritualismo ou milagre”.

A questão, em princípio, não é saber quem está certo, mas me parece claro quem são os mais intransigentes.