O Estado sempre está atrás na corrida do desenvolvimento, da tecnologia e das soluções que facilitam a vida das pessoas. Os tecnocratas, com a razão que reflete as idéias ainda do século XVII, aliados às empresas com mentalidade monopolista e cartelizada, estão sempre à frente em medidas que atravancam o bom andamento do mercado, que tornem o consumo algo menos acessível e de pior qualidade. O Estado, enfim, mais atrapalha do que ajuda.

Os casos das presentes controvérsias entre as empresas que prestam serviços por meio da Internet, como o Uber, o Whatsapp e o Netflix e os tradicionais monopolizadores dos respectivos setores mostram como a primeira preocupação destes últimos não é a satisfação de seus clientes, mas a garantia de seus domínios. E, para isso, tentam se apegar às regras estatais que existem por dois motivos: garantir recolhimento de dinheiro para os cofres públicos e manter os negócios nas mãos de uns poucos apadrinhados do governo.

Mas o desenvolvimento é inexorável e a tecnologia irresistível e, assim, começam a surgir soluções que conseguem driblar essas barreiras estatais e prestar serviços de melhor qualidade, com preços melhores, sobre os quais é o próprio cliente quem decide se vale a pena ou não continuar consumindo. Quando o mercado funciona assim, qualquer vacilo, qualquer serviço mal feito é um risco imediato ao negócio. Como não há proteção estatal, nada garante a permanência no mercado.

Por outro lado, as empresas que prestam serviços que são fruto da concessão estatal ou, no mínimo, dependem de autorização especial para funcionar, têm na garantia da concorrência mínima a continuação de seus serviços, independente da qualidade deles. Como não é qualquer pessoa que pode oferecer o que eles oferecem, já que, para isso, dependem da superação de diversos entraves burocráticos, eles sabem que não estão lançados em um livre mercado, mas apenas disputam espaço entre um grupo pequeno de protegidos. Tanto que não é difícil perceber a formação de cartéis, que manipulam os preços, tornando as diferenças entre os ofertantes dos serviços mínimas.

Agora, porém, que sentem o inesperado risco de ver seus negócios serem duramente afetados por empreendedores que conseguiram, com criatividade e inteligência, tangenciar as normas estatais, ao invés de pensarem em melhorar os seus próprios serviços, correm para chorar para o Grande Irmão, buscando nele a proteção para seus interesses. E este, como é de sua natureza, ao invés de começar a considerar a desburocratização de suas concessões e, quem sabe, até extinguir estas, liberando a prestação para quem bem entender, deixando que os próprios consumidores decidam o que devem ou não consumir, as únicas soluções que considera são a proibição ou a taxação dos novos serviços.

Não adianta, o Estado é sempre assim, só consegue perceber que deve fazer uma mudança quando esta já se tornou obsoleta.