Defenda a existência de verdades universais e você experimentará o ódio dos difusores da tolerância. Isso porque a regra vigente é tolerar tudo, menos a certeza ampla. O que passa dos limites mais estreitos da subjetividade é visto como um acinte.

A suspeita quanto às certezas gerais criou uma geração intelectualmente tímida. Não que as pessoas não tenham mais convicções, mas elas temem expô-las como universalmente válidas. Permite-se pensar sobre qualquer coisa, desde que não se pretenda que isso valha para os outros.

A ciência, por exemplo, depende de regras universais. Nenhum cientista pode exercer seu trabalho sem considerar que algumas coisas são o que são. Todo progresso científico pressupõe que algumas idéias estão estabelecidas, valem para todos, e podem servir de esteio para novas construções. O método científico depende do acúmulo de dados, que se dá pela preservação do conhecimento adquirido e pela consideração de que esse conhecimento é verdadeiro, estável e confiável. Sem essa perspectiva, a ciência seria impossível.

Se tudo tivesse de ser considerado como válido apenas no âmbito da subjetividade, não haveria bases para dar passos adiante. A negação das convicções universais forçaria tudo a um repetido recomeço; condenaria-nos a ser perpetuamente primitivos. É imprescindível, para que haja progresso em qualquer área da vida, que nos apeguemos a algumas idéias; que tenhamos algumas certezas. São delas que partimos para as descobertas, para as novas formulações, para o melhoramento.

Há verdades que já foram testadas pelo tempo, há outras que são evidentes. Por isso, não há problema algum em se ter convicções. Não é pecado, não é retrógrado, não significa ser intolerante. Tê-las faz parte de qualquer processo evolutivo.

Não quer dizer que tudo o que se sabe não possa ser contestado e até destruído por novas evidências. Pode! Porém, enquanto essas verdades permanecerem, devem ser tidas por universais e continuar sustentando nosso pensamento para que ele não se torne amorfo e sem sentido.