Há poucos dias reli o livro “A Nova Era e a Revolução Cultural”, do filósofo Olavo de Carvalho, e ao fazer isso a certeza que eu tive é de que realmente o professor está muito a frente de qualquer outro pensador neste país. O livro é de 1994, mas a análise que ele faz dos fatos, principalmente do movimento esquerdista brasileiro e sua influência na cultura e na política, é esclarecedora. Enquanto a maioria daqueles que tentam explicar o fenômeno petista, ainda hoje, se debatem em dificuldades que parecem, aos seus olhos, intransponíveis, Olavo já deixou tudo muito bem explicado em seu trabalho escrito há mais de vinte anos.

Além da explicação sobre o fenômeno da Nova Era e a aula sobre a estratégia gramsciana, que são a parte central do livro, há diversos outros argumentos que, além de atualíssimos, são a solução para o imbróglio interpretativo que os analistas políticos fazem em relação ao PT. Se eles parassem um pouquinho de apenas tentar dar palpites aleatórios e dedicassem alguns minutos para ler o trabalho do professor, muitas besteiras que repetem por aí cessariam imediatamente.

Por exemplo, sobre a classe artística e intelectual, que temos visto se manifestando em uma defesa irrestrita do PT, Olavo de Carvalho explica que “intelectuais orgânicos são aqueles que, com ou sem vinculação formal a movimentos políticos, estão conscientes de sua posição de classe e não gastam uma palavra sequer que não seja para elaborar, esclarecer e defender sua ideologia de classe“. E ainda sobre isso ele explica que “Gramsci exige que toda atividade cultural e científica se reduza à mera propaganda política, mais ou menos disfarçada“.

Sobre a loucura que temos observado no país, com a total inversão de valores, ele já dizia que ela “é, de fato, um dos objetivos prioritários da revolução gramsciana“.

Da mídia, que temos visto atuar de maneira a tentar manipular os fatos, por meio de matérias jornalísticas enviesadas, o professor escreveu que “para a revolução gramsciana vale menos um orador, um agitador notório, do que um jornalista discreto que, sem tomar posição explícita, vá delicadamente mudando o teor do noticiário…

Temos presenciado atualmente pessoas que, mesmo não fazendo parte do partido, repetem os mesmos chavões, os mesmos preconceitos e as mesmas mentiras dele. Olavo já explicou isso em seu livro ao dizer que “o gramscismo conta menos com a adesão formal de militantes do que com a propagação epidêmica de uma novo senso comum“.

Além disso, conseguimos saber que a derrocada moral que ocorreu no país na última década não é obra do acaso, afinal “o objetivo do gramscismo é muito amplo e geral em seu escopo: nada de política, nada de pregação revolucionária, apenas operar um giro de cento e oitenta graus na cosmovisão do senso comum, mudar os sentimentos morais, as reações de base e o senso das proporções“.

E há ainda algumas pérolas, como quando ele diz que “quanto menos um homem é apto a enxergar o mundo, mais assanhado fica de transformá-lo”.

Tudo isso torna o “A Nova Era e a Revolução Cultural” indispensável para qualquer um que pretenda analisar os fatos da política e da sociedade brasileiras e entender o que está acontecendo. Se fizessem isso, não cometeriam equívocos pueris, como tratar tudo apenas como um problema de corrupção e patrimonialismo, e compreenderiam que por detrás da política cotidiana, há uma verdadeira guerra cultural, com o objetivo de cativar as mentes em favor da ideologia.