“Tal qual a família que alimenta o pequeno tigre, quem colabora com a ditadura do politicamente correto não se atenta que está colaborando para o fortalecimento daquele mesmo que, em algum momento, não lhe demonstrará a menor gratidão, mas lhe devorará sem dó”

 

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Você já ouviu aquela história da família que alimentou o pequeno felino e quando este cresceu, tornando-se um tigre, acabou por matar todos da casa? Bem, é isso que começou a acontecer e vai acontecer ainda mais com pessoas e grupos que, até ingenuamente, têm apoiado a agenda politicamente correta que está sendo imposta no mundo todo. Sem mais nem menos, serão engolidos pelos mesmos motivos apoiados por eles.

Um caso bem significativo está acontecendo agora, no Brasil, e envolve a família e empresa do desenhista Mauricio de Souza – a Mauricio de Souza Produções, criador da Turma da Mônica, que é um grupo de personagens infantis que embalaram a imaginação de algumas gerações de crianças que corriam às bancas para adquirir suas estórias em quadrinhos.

A influência da Turma da Mônica adquiriu tamanha força que diversos produtos, de brinquedos infantis a maçãs, passaram a ser comercializados sob sua marca, tornando a empresa responsável uma força comercial evidente.

Na onda de seu sucesso e embalada pela nova mentalidade politicamente correta que assola o mundo todo, a Mauricio de Souza Produções, já há algum tempo, vem investindo em novas formas de apresentação de seus personagens. Estes, que, por anos, foram personagens de estórias infantis, ingênuas e divertidas, sem, aparentemente, possuir qualquer mensagem mais pretensiosa, nos últimos tempos passaram a ser representados como meninos e meninas mais descolados, conectados com sua época, vivenciando os novos modelos típicos de um novo tempo politicamente correto.

Os motivos para isso são, obviamente, comerciais, mas não apenas. A Turma da Mônica sempre foi um sucesso de venda e isso foi conquistado, exatamente, pela ingenuidade e pretensão de seus personagens. O que pode ter levado seus produtores a experimentarem novas formas é o desejo de fazer parte do mundo novo que está sendo formatado e o receio de tornar-se irrelevante em uma sociedade que promete expulsar aqueles que não repitam seus dogmas modernos.

E muitos aceitam entrar nessa realidade menos por convicção e mais por ingenuamente acreditarem que essas novas exigências são meros frutos de mudanças sociais espontâneas. Como não querem perder mercado nem ser considerados ultrapassados, aderem às novas ondas, mansa e alegremente, tonando-se portadores de uma mensagem politicamente correta.

O que talvez eles não saibam, e não se esforçam por saber, é que por detrás de tudo isso há muita ideologia revolucionária, uma visão de mundo totalitária e um ódio às formas mais amplas de liberdade. A ingenuidade de quem entra nessa onda sem ter pleno entendimento do que ela se trata, é acreditar que que está fazendo algo por um mundo melhor e não colaborando com formas sutis de dominação psicológica.

Tal qual a família que alimenta o pequeno tigre, quem colabora com a ditadura do politicamente correto não se atenta que está colaborando para o fortalecimento daquele mesmo que, em algum momento, não lhe demonstrará a menor gratidão, mas lhe devorará sem dó.

E isso não demorou a acontecer com os criadores da Turma da Mônica. Eles foram supreendidos com uma decisão, em maio de 2014, do CONADA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, proibindo, irrestritamente, qualquer propaganda direcionada às crianças. Isso, evidentemente, afeta, de maneira frontal, quase todos os produtos comercializados pela Mauricio de Souza produções, já que são os personagens infantis da Turma da Mônica que estampam essa mercadoria.

Em matéria do jornal O Globo, a filha de Mauricio de Souza, Mônica de Souza, concedeu uma entrevista reclamando da decisão do Conselho, afirmando, categoricamente, que os negócios da família sofrerão, por isso, um grande impacto.

Infelizmente, para ela e para sua empresa, o castigo, por causa de sua ingenuidade, imprudência e puxa-saquismo, veio muito rápido. E o seu exemplo serve para milhares de empresários que se preocupam, apenas, com os lucros de suas empresas e acham que, para isso, devem sempre estar de acordo com o que o governo determina e os grupos ideológicos impõem.

Eles ignoram que, por exemplo, esses conselhos, como o CONADA, não são formados por verdadeiros representantes da sociedade, mas por militantes que, seguindo a cartilha revolucionária de instrumentalização dos postos do governo e próximos dele, os tomam para, por vias nada democráticas, impor, sobre a nação, sua ideologia.

Como a Mônica, muitos agiram como puxa-sacos do governo, sentiram que deveriam aderir a uma agenda global, que deveriam abandonar as velhas formas para se daptar a um novo mundo que lhes prometia mais fraternidade e liberdade. O que eles, cedo ou tarde, invariavelmente experimentam, porém, é o peso de uma ditadura que não poupa ninguém para impor sua visão de mundo, nem mesmo seus colaboradores.