Quem já teve a infeliz experiência de discutir com alguém que defende qualquer uma dessas ideologias relativistas que existem no mercado das ideias, é bem provável que, ao final do debate (se é que houve final, pois a discussão com essa gente nunca acaba), tenha tido aquele sensação de frustração, típica de quem faz um grande esforço por nada.

Também pode ter ingressado na discussão certo de que seus argumentos eram infalíveis, pois haviam sido testados diversas vezes, tanto na própria cabeça como pela boca de muitos amigos e, quando colocados à prova, perceberam que aquela força que eles aparentavam ter anteriormente simplesmente havia sumido.

A coisa é tão frustrante que muitos começam até mesmo a duvidar daquilo que defendiam, acreditando mesmo que não eram verdades tão evidentes como pareciam.

O que eles não percebem, porém, é que, em muitos casos, o que aconteceu é que não havia como ter sucesso nesse tipo debate, de maneira alguma. Isso porque, do outro lado, estava alguém que ingressou na discussão não para confrontar ideias, mas para vencer a batalha, usando de qualquer artifício que estivesse disponível para isso.

No entanto, isso apenas é possível quando o conteúdo do que defende não tem relação com alguma verdade imutável e pode ser alterado sem, com isso, causar qualquer tipo de espanto.

E as ideias relativistas são exatamente assim: têm o poder da transformação, não se apegam a nada fixo e podem, ao mesmo tempo, se posicionar em qualquer um dos pólos do debate.

Se o adversário, em uma discussão, tem o privilégio da plasticidade, enquanto você defende teses imutáveis, ele certamente levará vantagem. Se, em um momento, por exemplo, ele pode dizer que é a favor da democracia, e em outro defender uma tirania qualquer, em nome daquela mesma democracia, de que adianta tentar mostrar que a democracia é algo bom e deve ser defendida?

Por isso, o debate com um relativista jamais pode estar circunscrito unicamente à lógica, nem à coerência, nem à tentativa do convencimento em relação à verdade. Fazer isto é jogar o jogo dele, dando-lhe o que ele quer, que é espaço para impor a sua narrativa do momento.

Portanto, a principal tática em uma discussão com um relativista é a busca de sua humilhação. E isso só é possível expondo suas mentiras, mostrando que a despeito de sua retórica sofística, o que encontramos é uma infinidade de contradições intrínsecas em tudo o que ele expõe.