A vida é uma tragédia. Há tempos não tenho receio de fazer essa afirmação. Porém, não falo essas coisas em tom de desespero, nem mesmo de pesar. Digo isso apenas como uma constatação.

Ser uma tragédia não significa que a vida é triste. Simplesmente, quer dizer que ela é fugaz – hoje a pessoa existe, amanhã ela é arrancada daqui; hoje ela tem milhões de sonhos e, em um segundo, eles são interrompidos definitivamente.

Mas tudo isso não significa que a vida é desanimadora. Pelo contrário, entender sua tragicidade é uma dádiva e uma oportunidade.

Se a vida é assim, como um fio prestes a ser cortado, não existem motivos para preocupações. Se tudo vai acabar de uma hora para outra, nada pode tirar a paz, pois nada, na verdade, é definitivo, nem mesmo duradouro.

Se a vida é trágica, cada momento é uma aventura, cada experiência importante e cada ato único.

Por isso, essa tragicidade, longe de assustar, torna tudo ainda mais belo – e maravilhosamente louco.