Apesar de estar no imaginário popular que as respostas para as questões mais importantes de nossa existência virão por meio da ciência moderna, contar com ela para isso é sempre frustrante. Isso porque a ciência não é capaz de explicar nada. Assim, tê-la como última instância do conhecimento de qualquer assunto é um erro.
A ciência moderna estabeleceu-se como uma observadora de processos, como uma explicadora de como as coisas se dão. O que a ciência não faz é perguntar-se sobre o sentido dessas coisas, porque não é capaz de dizer o que elas são.
É que a ciência moderna é descritiva, não explicativa, não correspondendo à definição aristotélica de conhecimento pelas causas. Inclusive, a ciência moderna é só ciência em sentido bastante amplo. Se usássemos a definição do estagirita como referência, ela não passaria de um método.
Mas se a ciência moderna tem um mérito é o de ensinar o homem a olhar para a natureza de maneira separada do resto da realidade. E apesar de, a longo prazo, isso ter conduzido à distorção da pretensão de tornar a realidade como totalidade, fez, pelo menos, com que o profissional se tornasse mais minucioso, mais atento aos detalhes, mais específico.
A maior evolução que a ciência moderna proporcionou foi o estabelecimento de um método e de um sistema, o que permitiu que fosse possível a acumulação de conhecimentos, que é essencial para o desenvolvimento tecnológico e o aprofundamento das observações.
O fato é que, quando se espera que a ciência explique tudo, acaba-se não se entendendo nada. Se, porém, ela for colocada em seu devido lugar, a saber, como um instrumento auxiliar do conhecimento, então ter-se-á extraído dela aquilo que é sua verdadeira vocação.