Só vence a preguiça, a letargia e a falta de perseverança quem compreende como a natureza humana opera a força de vontade

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A realização de algo minimamente importante exige que planos sejam feitos. Com estes, vem a imagem dos projetos sendo realizados e os sonhos se cumprindo. Neste momento, a alegria esperançosa e a expectativa motivadora são degustadas deliciosamente. Quando, porém, a realidade se apresenta, nua, crua, impiedosa, quase sempre, com ela, chega a decepção. O previsto não aconteceu, o programado não foi cumprido, na execução constatou-se que o planejamento era insuficiente e que diversos outros fatores se apresentam, implacáveis, como inibidores da tarefa. O pior é constatar que, apesar de toda motivação, a força-de-vontade mostrou-se débil e muito do que poderia ter sido feito deixou de sê-lo por simples falta de disposição.

Diante disso, a sensação de derrota se apresenta inapelável. Ao não conseguir realizar o determinado, não há outro sentimento senão o de decepção consigo mesmo. É como a característica mais marcante em si fosse a incompetência.

O pior é que a culpa gerada pelo descumprimento do planejamento dificilmente conduz a uma mudança efetiva de atitude. Pelo contrário, ela acaba criando um ciclo de promessas descumpridas que redunda, invariavelmente, em desânimo.

Para quebrar esse círculo vicioso é necessário bem mais do que boas intenções. Só vence a preguiça, a letargia e a falta de perseverança quem compreende como a natureza humana opera a força de vontade.

O maior erro que pode ser cometido, nesse caso, é acreditar que basta determinação para superar os vacilos da vontade. Para isto, na verdade, é preciso saber que o ser humano é complexo e sua mente não age exatamente como esperamos que ela agisse, sempre. Pelo contrário, há armadilhas e artimanhas psicológicas que costumam sabotar as melhores intenções, tornando o que parecia simples, a saber, cumprir com o que foi proposto, uma verdadeira tragédia.

É possível, mesmo assim, vencer essa batalha. Porém exige-se, para tanto, conhecimento e método, não bastando impulsos e atos improvisados. Aliás, isso faz parte do tão aclamado autoconhecimento, sempre necessário para empreender bem qualquer coisa na vida.

De fato, a partir do momento que as coisas já não são mais um mistério, elas se tornam passíveis de ser dirigidas. Com a força de vontade ocorre exatamente dessa maneira.

 

Publicado originalmente no blog Vida Independente.