Categoria: Psicologia

Psicologia

A adaptação do sonho em uma carreira útil

O jovem costuma imaginar sua vida como se houvesse um caminho aberto, aguardando ele trilhá-lo, até a conquista de seus maiores sonhos. O sucesso parece-lhe apenas uma questão de planejamento e tempo. Passados os anos, porém, o peso da realidade costuma conduzi-lo a uma resignação fria, fazendo com que a esperança se transforme em conformismo, sem qualquer pretensão, senão a conquista do necessário para uma existência confortável.

O ideal seria, porém, que, em vez de acomodar-se em uma vida inútil, a decepção com a impossibilidade das altas conquistas o fizesse adaptar o que era quimera em algo factível. O que antes era um devaneio egocêntrico deveria transformar-se na convicção de completar uma carreira que apresentasse ao mundo, pelo menos, a tentativa de entregar uma boa obra, que fosse, e que representasse algo que estivesse além do mero desejo de satisfazer suas próprias vontades.

Como usar a intuição e o instinto

intuicaoQuando, lá pelos idos dos anos 60, com o desenvolvimento de novas técnicas psicológicas, começou-se a valorizar as formas subconscientes, como a intuição, e inconscientes, como o instinto, a ideia era que as pessoas estavam diante de algo que lhes daria mais opções de ação, indo além do pensamento consciente, tornando-as assim mais poderosas.

Isto até poderia ser válido se o encaminhamento dos fatos não as levasse a cometer o erro de substituir o pensamento crítico pelos instrumentos mentais que se lhes apresentavam.

É que a intuição e o instinto podem ser muito úteis, porém apenas quando devidamente entendidos como indícios de uma realidade, não como descobridores dela.

Quem sabe dar ouvidos às primeiras impressões pode ser ajudado por elas, porém, quando as trata como suficientes para a compreensão, não é de se estranhar que por elas seja traído.

 

A psicologia da vontade e o cristianismo

A Psicologia contemporânea tem se esforçado por se afastar de qualquer relação com a religião. Porém, quanto mais eu estudo a natureza humana, mesmo por meio de autores e cientistas modernos, mais eu me convenço de que o conhecimento antigo intuiu muitas verdades e que estas são apenas confirmadas pelos novos pesquisadores.

A ideia cristã, por exemplo, de natureza humana decaída, que tende para o que é inferior e repele o superior, é constantemente confirmada pelos estudos e pesquisas empreendidos pelos psicólogos modernos. Estes, em suas experiências, revelam invariavelmente a dificuldade universal de fazer com que o corpo e a mente trabalhem em mútuo auxílio, para que a pessoa possa cumprir com aquilo a que se determinou.

A constatação é de que eles nunca fazem isso. Pelo contrário, tudo demonstra que o cérebro humano é um sabotador e o corpo um rebelde. Quem esperar deles um ajudador espontâneo se decepcionará.

O ensinamento dos antigos é, dessa forma, confirmado: a natureza humana precisa ser domada, da mesma maneira que se faz com os animais. Se alguém quiser que ela colabore com os seus projetos, em suas atividades, precisa aprender a colocá-la a seu serviço, sob seu comando.

O próprio cristianismo sempre ensinou sobre a mortificação da carne, que nada mais é do que a imposição do homem superior sobre o inferior. Suas Escrituras e seus pensadores sempre alertaram para os perigos de deixar-se levar pelos instintos, pelas demandas da natureza animalesca. Ensinou que era preciso não negá-la, mas domesticá-la.

Quando lemos os autores que se debruçam, hoje em dia, sobre o tema da Psicologia da Vontade, observamos que eles, mesmo sem saber, e muitas vezes contra a sua vontade, corroboram muito do que as velhas tradições já vêm ensinando há muito tempo, a saber, que se alguém quer realizar algo de relevante nesta vida precisa vencer as inclinações de sua natureza.

Psicologia: a mesma técnica que cura, destrói

Pode não parecer, mas sou apaixonado por Psicologia. Acho que ela é, realmente, um dos maiores avanços de nosso século. O problema é que a mesma técnica que ajuda o indivíduo a livrar-se de traumas e crises é também usada para manipulá-lo. Na verdade, o que se tem descoberto nessa área é algo muito poderoso e como tudo que contém muito poder, pode ser usado para o bem ou para o mal. Quando eu aponto que a Psicologia é a arma preferida dos globalistas, não estou fazendo uma crítica à ciência, mas apontando um fato. E tal realidade não impede que ela também seja usada para muitas coisas positivas. Tudo isso, de qualquer forma, não apaga a beleza dos estudos psicológicos, que são fascinantes, intrigantes e reveladores.

Os programadores de mentes

Um poder oculto se movimenta no seio da sociedade. Um poder impensavelmente grande, que é capaz de fazer homens distintos rastejarem. Uma força que sabe como acessar os recônditos do indivíduo e ali fazer o que bem entende. Talvez, muitas pessoas não saibam, mas todo esse poder está sendo desenvolvido pela Psicologia.

A Psicologia é uma ciência nova. O que são pouco mais de 100 anos para que uma área do conhecimento se desenvolva? E desde que os fisiologistas e psicofísicos decidiram trazer os estudos sobre a mente para dentro do laboratório, passaram a sonhar com uma verdadeira ciência, com sua estruturação e o encontro de respostas definitivas.

Pouco mais de um século passou e não há respostas definitivas. A nova ciência sequer chegou perto disso. Ela ainda vacila em conceitos, em determinações e compreensões sobre como funciona a mente humana e sobre o que é a consciência.

Apesar disso, o que parece até um paradoxo, não há campo do conhecimento humano que mais desenvolveu técnicas eficientes como a Psicologia. Como ciência ela falhou, mas como técnica é um tremendo sucesso. Se ela mal pode explicar o que ocorre no interior do ser humano, em sua mente e consciência, certamente ela aprendeu, de uma maneira muito eficiente, como provocar reações, como despertar pensamentos e como dirigir cérebros.

Os avanços técnicos psicológicos são, certamente, o maior poder que o ser humano já possuiu, em toda a história. Nenhum ditador, nem rei ou imperador jamais sonhou com tamanha concentração de força. O que os experts dessas técnicas adquiriram é algo muito maior do que qualquer pessoa poderia sonhar. De certa forma, os homens estão em suas mãos.

Há, nos círculos profissionais e pedagógicos uma euforia no uso desses conhecimentos. E não é para menos, pois, de alguma maneira, eles realmente funcionam. Os resultados são visíveis e imediatos. Mais ainda, alcançados sem grandes esforços. Os exercícios de programação mental agem como um demônio, que promete os reinos deste mundo. E, de algum jeito, ele cumpre a promessa.

É verdade que os resultados são temporários e não alcançam o profundo da alma humana. Mas, neste mundo superficial, quem quer ir tão fundo? O que importa é atingir as metas imediatas, fazer o que há cinco minutos parecia impossível. É por isso que uma multidão de jovens empresários, vendedores, funcionários de empresas e profissionais liberais estão deixando rios de dinheiro nas mãos desses programadores. Se é resultado que todos buscam, são resultados que obterão.

Muitos irão perguntar: que mal pode haver em tudo isso? Pergunta nada surpreendente em uma sociedade sem princípios. Para ela que apenas conhece a liberdade exterior, que não entende o que seja uma consciência liberta e que não vê qualquer conflito entre dizer-se independente e entregar sua mente nas mãos de um manipulador qualquer, perceber o perigo a que ela se está expondo é impossível.

Poucas pessoas têm enxergado a periculosidade dos trabalhos oferecidos pelos programadores de mentes. A vítima, neste caso, não é apenas o indivíduo em seus interesses mais pessoais, mas uma sociedade que está se acostumando a abrir mão de sua auto-determinação. A busca, cada vez maior, por esses grupos de manipulação mental apenas expõe uma característica evidente deste novo mundo: a completa ausência de preocupações com verdades mais profundas.

De fato, poucas coisas são tão certas em nossa sociedade do que sua disposição para entregar sua liberdade em favor de pequenos benefícios. Vendem sua alma por um prato de lentilhas.

A culpa é uma víbora cornuda

A culpa é um sentimento universal. Desde que o sujeito não seja um psicopata, haverá em sua história pessoal fatos que, se ele pudesse, reescreveria de maneira diferente. Não há, como a geração pós-freudiana tem preferido acreditar, um estado ideal de completa indiferença a todo tipo de culpa. Independente da fé religiosa e da cultura, sempre haverá atos e palavras que, se fosse possível, seriam refeitas na vida das pessoas. Não há ninguém são que não se arrependa de algo em sua própria história e, de alguma maneira, não seja incomodado por esse erro.

Sendo assim, todos, de certa forma, precisam encontrar meios de lidar com essa culpa. A psiquê humana é muito criativa ao fazer isso. Por isso, o homem sempre encontra um jeito de tornar a culpa suportável. Se não o fizer, o suicídio é provável.

Então, há aqueles que negam os erros, encontrando racionalizações que os justifiquem. Há, ainda, os que, mesmo assumindo as falhas, racionalizam no sentido de justificá-las em favor de um bem futuro, transformando um erro em uma possibilidade. Outros, de uma maneira menos sutil, meramente esforçam-se por apagar os erros cometidos da memória, para que o esquecimento leve consigo a culpa.

Todas essas formas e outras que a mente humana é capaz de criar simplesmente não enfrentam o problema da culpa, mas tentam substitui-la por algo que tenha a pretensão de sufocá-la somente.

Como o personagem Dorian Gray, de Oscar Wilde, que, atormentado pelo peso de sua vida corrupta e seus erros, acredita que pode libertar-se dessa culpa apagando os rastros materiais de seus crimes. Como se uma alma corrompida pudesse ser limpa pelo olvido.

Na verdade, o que não havia em Dorian Gray, como em muitas pessoas que justificam seus pecados das maneiras mais criativas, é a confiança que seus erros poderiam ser realmente apagados. Como o personagem de Wilde, como bons filhos dos séculos científicos, que se não esquecem de Deus, o afastam dos negócios humanos, os homens não confiam mais que há uma misericórdia divina disponível que lança “todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Mq 7.19).

Nesta geração, a culpa jamais é extinguida. Ela pode ser sufocada, esquecida, negada, mas sempre estará à espreita, como uma víbora cornuda (Gn 49.17), esperando o momento para dar o bote.

Por isso, a solução cristã é a única possibilidade de redenção humana, porque é a única que alia o alívio da culpa com o arrependimento. É a única também que permite uma participação humana efetiva e consciente nessa redenção. Isso porque o que Deus oferece para o homem não é apenas ter seus pecados apagados, mas a oportunidade desse homem retomar sua vida, dando a ela um novo rumo, uma nova história, um novo sentido.

A velhinha de Zaragoza e o espírito de nosso tempo

Fatos isolados, muitas vezes, representam fielmente o espírito de uma época. Há certas atitudes que, ainda que pareçam únicas, são, na verdade, uma amostra perfeita de seu tempo. Quando, há um ano, li a notícia da velhinha de Zaragoza, que, ao tentar restaurar uma pintura do século XIX com a imagem de Cristo, simplesmente a destruiu, tornando-as, ela e a pintura, objetos de zombaria e escárnio, pensei: ‘Está aí uma demonstração exata do que fazemos’!

Cristo no parece, por tantas vezes, desgastado com o tempo. Seu olhar místico atrai pela peculiaridade, mas as marcas dos anos se mostram mais fortes que tudo. Ao olhar para ele, ainda é possível captar a singeleza de seu semblante voltado para as coisas celestiais, mas a ação dos elementos deste mundo insistem em tomar, pouco a pouco, sua beleza. Vendo a imagem de Cristo corrompendo-se assim, esperamos, inconsolavelmente, o dia em que nada sobrará de sua face.

E é insuportável ver Cristo se apagando. Não importa que o desgaste se dê por culpa nossa, que deveríamos abrigá-lo com zelo. Nem importa que o nosso descaso seja o seu maior promotor. Queremos apresentar um ícone apreciável, afinal, uma imagem em decomposição não é muito atrativa. E Cristo, pensamos, precisa ser agradável aos olhos e às sensações.

Surge, então, nosso espírito restaurador. E todo homem o possui em latência. Se Cristo não é mais tão agradável, porque os tempos o desgastaram, há em cada um de nós o anseio por reforma pronto para lançar-se sobre a a figura do Messias e fazê-la de acordo com nossas expectativas. Que seja a fazer isso um moço ou uma senhora octogenária não importa! Sob a conivência daqueles que também não se agradam com a imagem desgastada de Jesus, qualquer um que se lance à empreitada de sua restauração não é impedido. Nem mesmo os sacerdotes o fazem. Eles mesmos, filhos de sua época, anseiam sempre por mudanças.

O que mais espanta, no entanto, é a petulância com que nos dignamos possuidores dos talentos necessários para obra tão difícil. Cremos, sinceramente, que nossos paradigmas, nossos conhecimentos e nossas percepções são suficientes para restaurar o deus quase esquecido. Sequer nos preocupamos a respeito das razões da obra-prima. O seu criador, para nós, é como se não existisse. Como se o Cristo não tivesse uma origem, uma finalidade, uma razão. Quando nos colocamos a reviver um Jesus quase perdido, o fazemos baseados em nossas abstrações, em nossos prismas individuais, em nossa própria visão da vida.

Borramos-no, então, sem medo! Não há compromisso algum com o projeto original. E fazemos isso não porque queremos oferecer um novo deus para o mundo, mas porque acreditamos que o Cristo que surgirá de nossas mãos será o retrato fiel do original. Cada um de nós se crê o restaurador e o intérprete final da obra como ela fora apresentada ao mundo.

Lançamo-nos, então, com audácia e descuido sobre Jesus. Derramamos sobre ele nossas tintas descuidadas e arrogantes. O resultado que alcançamos, com isso, não é nem uma nova imagem atraente, nem o renascer revigorado da velha imagem desgastada. O fruto dos pincéis soberbos que carregamos, instrumentos de nossa própria petulância, é um borrão de Cristo, que não apenas não lembra nada o original, mas serve de escárnio para o mundo inteiro.