Categoria: Textos

Como usar a intuição e o instinto

intuicaoQuando, lá pelos idos dos anos 60, com o desenvolvimento de novas técnicas psicológicas, começou-se a valorizar as formas subconscientes, como a intuição, e inconscientes, como o instinto, a ideia era que as pessoas estavam diante de algo que lhes daria mais opções de ação, indo além do pensamento consciente, tornando-as assim mais poderosas.

Isto até poderia ser válido se o encaminhamento dos fatos não as levasse a cometer o erro de substituir o pensamento crítico pelos instrumentos mentais que se lhes apresentavam.

É que a intuição e o instinto podem ser muito úteis, porém apenas quando devidamente entendidos como indícios de uma realidade, não como descobridores dela.

Quem sabe dar ouvidos às primeiras impressões pode ser ajudado por elas, porém, quando as trata como suficientes para a compreensão, não é de se estranhar que por elas seja traído.

 

Cristãos inabilitados para o combate

cristao-fechadoÉ bem mais provável que se criem rusgas e conflitos entre aqueles que são parecidos do que entre estranhos. Isso porque o parecido se diferencia pelo detalhe, o detalhe se torna seu ponto distintivo, este ponto distintivo se torna aquilo que o identifica e as pessoas tendem a se apegar com mais ardor aquilo que as identifica de maneira distintiva. Entre estranhos isso é mais difícil de acontecer, pois não havendo nada que os assemelhe, também não há nada específico que os distingua. Sendo completamente diferentes, não há nada específico para se apegar.

Por isso, vemos, por exemplo, católicos e protestantes, e dentro do próprio protestantismo, grupos de vertentes diversas, confrontando-se entre si com muito mais força do que quando se deparam com grupos que se situam completamente fora de seus círculos doutrinários. O que diferencia um católico de um protestante, por exemplo, são doutrinas marginais. Assim acontece, de maneira ainda mais evidente, entre calvinistas e arminianos. No entanto, o que faz de alguém especificamente calvinista são suas crenças distintivas, como a predestinação. Por isso, acaba ocorrendo um apego sentimental a essas doutrinas, que são, de fato, sua identidade.

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O orientalismo possibilitado pela New Age

guru-zenO movimento denominado Nova Era não é unívoco. Pelo contrário, além de ter suas origens sendo rastreadas por alguns estudiosos até tempos muito antigos, sua manifestação é tão diversa que se torna impossível dizer, com certeza, no que ela consiste de fato.

De qualquer forma, há algumas características comuns que compõem a ideia e a estética da Nova Era. Entre estas se encontra uma aproximação evidente com a espiritualidade e religiosidade orientais. Tal orientalismo, de fato, não é um fenômeno recente, sendo uma constante na história ocidental. Entre os iluministas, virou moda; os ocultistas do século XIX buscaram nas religiões orientais sua inspiração; mas foi nos anos 60 do século XX que ocorreu o grande momento quando, pode-se dizer, o Oriente invadiu o Ocidente.

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Apologética belicosa

fundamentalistaOs antigos, quando defendiam a doutrina, estavam protegendo mais que idéias, mas concepções civilizacionais e uma sociedade constituída. O ardor e belicosidade, naqueles casos, era bastante compreensível. Hoje, porém, o apologeta intransigente é apenas um bocó, protegendo somente a si mesmo e seu direito de emitir opinião. Deus, Cristo, Maria e os santos não pediram e não precisam da defesa de ninguém. Portanto, pretender fazer isso não passa de arrogância.

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Revelação e experiência

oculos-sobre-a-bibliaUma grande dificuldade para religiosos que têm em alguma escritura sagrada seu norte é olhar a realidade de maneira singela. Não raro, sua percepção é afetada pela superposição do que está escrito, tornando sua relação com a coisa vista indireta, ao menos no nível da cognição. Em princípio, isso ocorre até como uma forma de proteger-se de si mesmo. Desconfiado da própria capacidade de ver o mundo de maneira correta, certo de que suas percepções estão afetadas pelo pecado ou alguma degeneração estrutural de sua natureza, o religioso se refugia nas letras reveladas como única fonte segura para sua interpretação da verdade.

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O desconforto masculino no ambiente eclesiástico

homem-na-igrejaÉ uma percepção quase universal de que as mulheres têm mais facilidade de fazer parte dos movimentos eclesiásticos cristãos. Principalmente, no tempos modernos, são elas que dominam a cena nas igrejas e nas comunidades espalhadas por todo o mundo. Antigamente não fora muito diferente. Por toda a história eclesiástica as mulheres tiveram um papel dentro de Igreja de muita relevância, até mesmo sensivelmente maior do que tinham na própria sociedade.

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Orientalismo: a busca pelo que já se tem

mistica-orientalA maior perda que a cristandade experimentou foi ter deixado de lado o misticismo existente em sua própria religião. Aquilo que foi cultivado até os tempos do medievo, foi sendo sufocado pelas camadas dogmáticas e de uma espiritualidade muito mais estética e superficial, até chegar aos dias de hoje praticamente esquecida, como se fosse algo estranho às suas próprias práticas.

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Os filósofos cristãos diante da hipnose

hipnoseMuitas técnicas psicológicas foram desenvolvidas no século XX. Muitas já haviam sido descobertas antes, mas, sem dúvida, foi no século passado que elas receberam a atenção metódica que permitiu o aprofundamento em seu conhecimento e consequente disseminação de seu uso. A hipnose é uma delas e hoje é usada de maneira abrangente, tanto para fins clínicos, como para outros não tão beneficentes.

Com o uso abrangente dessa técnica, mais impressionante do que o resultado que é possível obter sobre o cérebro humano, mais especificamente sobre o inconsciente, fato que chega a assustar as pessoas que ainda veem a hipnose como um tipo de magia, encantamento e até possessão, é a completa falta de estudos sobre as consequências mais a longo prazo do uso indiscriminado da hipnose, além da ausência de reflexões sérias e profundas, em nível filosófico, moral e religioso sobre o uso dessa técnica.

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O valor humano e a desvalorização calvinista

Soube que um conhecido cantor cristão andou escrevendo que a cruz não revela nossos pecados, mas nosso valor. Indignados, vi, também, vários teólogos refutando o rapaz. O que ambos lados parecem não entender é que a cruz não é um sinal estático, mas, como todo símbolo, carrega em si vários significados. Ela aponta o pecado, sim, pois nela esteve aquele que o carregou. Mas também o nosso valor, porque Cristo foi pregado nela por nós.

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Cristo não veio julgar, mas salvar

Quem não entende que Cristo veio ao mundo para salvar os homens e não julgá-los, não compreendeu a essência do Evangelho. Isso parece óbvio, mas, ainda assim, ao fazer esta afirmação, muita gente torce o nariz e acredita que eu estou caindo em algum tipo de universalismo.

Aliás, escrever sobre doutrina e teologia sempre é algo problemático, pois o que mais há são os defensores da santa fé, ansiosos por encontrarem qualquer desvio doutrinário para saírem gritando por aí: Herege! Herege! Nesta questão, ao enfatizar a obra salvadora de Cristo, não estou inventando nada, mas apenas ressaltando o aspecto fundamental de sua missão ao vir ao mundo.

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