Quem me conhece sabe a ojeriza que eu tenho da burocracia. Foi ela a principal responsável por eu aposentar o meu trabalho como advogado. Sempre me foi insuportável ter de aguentar as dificuldades e os obstáculos criados por regras inúteis e funcionários públicos trabalhando de má-vontade.

Foi por isso que a série Chernobyl mexeu tanto comigo. Naquela história estão apresentadas todas as doenças do pensamento estatista burocrático e que, no caso, levaram a uma catástrofe que quase afetou o mundo inteiro. Cada cena tocava fundo em minha alma anti-estatista e anti-burocrática.

A série mostra, em todas as expressões e nuances, como a mentalidade burocrática, a crença na tecnocracia, a incompetência técnica, o carreirismo político, os interesses partidários e a fé cega na ideologia tornaram a União Soviética um lugar retrógrado, impedindo seu progresso e, no fim, levando o resto do mundo à beira do Apocalipse.

Não que eu seja ingênuo e acredite que é possível simplesmente afastar o Estado de tudo. O mundo contemporâneo é muito complexo e alguma regulação e burocracia sempre serão necessárias. O problema, porém, é quando o Estado, em vez de atuar apenas onde a sociedade por si só não conseguiu se resolver, se intromete em todas as áreas. Pior ainda quando ele é o controlador de tudo e nada mais pode ser feito sem seu direcionamento e ordem, como acontece nos países comunistas.

O desastre de Chernobyl só atingiu aquela dimensão catastrófica porque havia um Estado soviético obscurantista, tacanha, paquidérmico e imenso por trás.

O sistema centralizado comunista é o prenúncio do desastre. Nada pode funcionar direito nele. Quando a máquina estatal é tão gigantesca, o que vai sempre prevalecer são as brigas por cargos, a busca por vantagens, o desprezo à eficiência e o apadrinhamento político. Isso tudo não apenas favorece, mas acaba por estimular a mentira, o engano e a falsidade. E foi a junção de tudo isso que acarretou o desastre de Chernobyl.