Desde Platão, homens eruditos imaginam formas de governo que possam dar ordem à sociedade, para que ela funcione de maneira harmônica e eficiente. Idealizar os sistemas políticos passou a ser uma atividade corriqueira dos intelectuais.

Com isso, tornou-se lugar-comum a concepção de que se a sociedade é organizada de determinada maneira é porque homens inteligentes a configuraram dessa forma. Até mesmo a democracia acabou imaginada assim, como sendo um sistema pensado, desenhado em algum gabinete de um expert qualquer.

A democracia foi transformada em ideologia.

Chesterton, porém, deu uma conotação diferente à democracia, entendendo-a como o respeito às ideias preservadas pelos homens comuns de todas as épocas.

Por isso, ele vai conceber a Tradição e a Democracia como sendo uma única e mesma ideia, inclusive denominando aquela como “a democracia dos mortos”.

Na visão de Chesterton, é muito mais saudável ouvir o que os homens comuns sempre disseram do que dar atenção às ideias mirabolantes dos intelectuais.

O que o pensador inglês propõe é que a vontade da maioria, que é a característica elementar da democracia, seja estendida para além do presente, mas considere o que aqueles que já viveram nos legaram. Afinal, nisto estaria o verdadeiro conhecimento.

A verdade é que Chesterton tinha plena convicção de que ideologias não são combatidas com mais ideologias, por isso, em vez de afiliar-se a uma proposta social qualquer, preferiu abrigar-se no bom e velho senso comum.