Na tradição do pensamento filosófico, determinismo sempre foi relacionado com algum tipo de fatalismo. Seria a doutrina que afirma que todos os fatos do universo são guiados inteiramente por determinantes. Viver sob o determinismo, portanto, seria não ter controle sobre o próprio destino, pois ele já estaria decretado por forças superiores, por leis universais inescapáveis ou mesmo por Deus.

Na psicologia, não é diferente. Nela, determinismo seria o direcionamento da vontade por um conjunto de motivos atuantes, geralmente inconscientes.

Sendo assim, no pensamento tradicional, determinismo sempre fora relacionado com falta de controle sobre a própria vida e, consequentemente, com falta de liberdade.

Em Payot, porém, determinismo tem o sentido exatamente oposto. Para ele, viver sob o determinismo significa tomar as rédeas do próprio destino, autodeterminando-se, por meio do direcionamento da própria vontade. Esse direcionamento se daria através de práticas que condicionem, conscientemente, nossa mente e corpo para que ajam de determinada maneira.

Assim, determinismo nada mais seria do que determinar (e fazer acontecer) como as coisas devem ser em nossas próprias vidas.

Na visão de Payot, ausente esse determinismo, o ser humano estaria à mercê das circunstâncias, sem o controle da própria existência.

Apenas com a aplicação desse determinismo é que ele passaria a ser senhor de si mesmo.

Portanto, quando Payot fala de determinismo, está se referindo a algo completamente diferente do que praticamente todos os pensadores sempre falaram. Enquanto para estes, determinismo é algo a se resignar e até se lamentar, para Payot deve ser o objetivo a ser buscado, sempre.