Desde cedo, as escolas estimulam o jovem a ter pensamento crítico, ensinando-o a olhar para seus próprios processos cognitivos e valorizar as opiniões neles geradas.

Esse jovem passa então a tomar suas opiniões como o que há de mais importante, desprezando todo o resto.

Tendo os próprios pensamentos como referência de tudo, ele já não consegue conceber outras verdades senão aquelas que consegue formular.

As opiniões dentro de sua cabeça acabam assim confundidas com a própria realidade.

A educação oferecida por essas escolas, portanto, faz do jovem intelectualmente autofágico e cognitivamente egocêntrico.

No entanto, a função da educação não é fazer o aluno mergulhar para dentro de si mesmo, em um processo de retroalimentação de suas próprias concepções. Seu papel é conduzi-lo para além de suas próprias experiências e perspectivas, colocando-o em contato com a riqueza da inteligência que existe no mundo.

Na verdade, o objetivo da educação não é tornar o aluno mais confiante em relação ao que pensa saber, mas, pelo contrário, fazê-lo desconfiar do que sabe, despertando nele o desejo de buscar o conhecimento fora, onde quer que o conhecimento esteja.

O fato é que educar é tirar o indivíduo de dentro de si, de seu mundinho reflexo unicamente de suas sensações imediatas; é fazê-lo ver as coisas de maneira indireta; é ensiná-lo a olhar por outros prismas; é fazê-lo entender que a diferença entre o que se pode retirar da sua experiência direta e o que se pode absorver do conhecimento universal é imensa.

Educar (ex ducere) é exatamente isto: levar o indivíduo para fora; libertá-lo de si mesmo para que possa explorar a imensidão do mundo que existe além dele.

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(Texto baseado no Capítulo “A finalidade da Educação, do livro “Edmund Husserl contra o psicologismo”, de Olavo de Carvalho)