Os gênios, muitas vezes, também são loucos. No entanto, eu posso, muito bem, relevar sua loucura. Há, ainda alguns loucos que são geniais, e nada me impede de admirar essa genialidade. Só não me peçam para aguentar a insanidade dos medíocres. Ela, para mim, é insuportável. Quando doidos, os grosseiros são inconvenientes, chegando a ser perigosos.

O tolo não gosta dos gênios, simplesmente porque não admite que possa haver inteligências entre ele e Deus. O tolo acredita que apenas a divindade é superior, enquanto todos os homens são igualmente idiotas. Mas, na verdade, só um estúpido poderia pensar assim!

Ele não admira o gênio, menos por inveja da genialidade alheia, que sequer percebe. Seu ódio surge por não se conformar que ela receba louvores, o que ele considera absolutamente injusto. É que para admirar o genialidade, é necessário possuir, em si, algo de genial. Só quem compartilha algo com o gênio consegue identificá-lo. Os medíocres não têm isso, portanto, são cegos, restando-lhes a inveja.

Só que conviver com a própria mediocridade seria insuportável. O estúpido só consegue por não percebê-la. Se percebesse, isso bastaria para superá-la. No entanto, como, para ele, isso é impossível, lhe cabe apenas o rebaixamento de todas as outras inteligências para seu próprio nível.

De minha parte, como não pretendo ser medíocre, decidi que absorveria tudo o que pudesse da genialidade alheia. Sabendo que, para isso, precisaria, antes, reconhecê-la. E para reconhecê-la, precisaria já possui-la, de alguma maneira. No fim das contas, percebi que minha admiração pelos gênios me colocava, de alguma forma, ao lado deles.

Por isso, clamo por sua companhia, mortos e vivos, na singela esperança de, um dia, outros clamarem pela minha também.

Sinceramente, eu não entendo que mal pode haver nisso. O pior que os gênios podem me causar é a frustração de não conseguir ser como eles. Os tolos, porém, têm o poder de me arrastar até à lama.