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Feiúra no mundo e no pincel

Posted on 28/04/201707/02/2019 by Fabio Blanco

A arte moderna, principalmente na pintura, teve um grande impulso com a invenção da máquina fotográfica. Quando pareceu já não mais ser necessário retratar o mundo, pois a tecnologia prometia fazer isso, boa parte dos artistas passou a preocupar-se mais com as questões internas da arte, como a forma e o método, além de tentar expor menos o que viam e mais o que sentiam.

Nisso está, grosso modo, a origem dos ismos que inundaram o mundo contemporâneo com sua nova proposta artística. O impressionismo, praticamente como o movimento raiz, mas, principalmente, os posteriores, como o expressionismo, o cubismo, o surrealismo, o dadaísmo entre tantos outros, conduziram a arte a uma manifestação muito mais egocêntrica e subjetiva, praticamente arrancando a possibilidade de novos retratos de realidade que expressassem a natureza de uma maneira bela. Tanto que, a partir do fim do século XIX, não surgem mais grandes pintores que tentassem retratar a realidade de uma maneira fiel ou idealizada.

Isso, ao menos para mim, representa uma grande perda. Com a vitória da arte modernista, praticamente ficamos órfãos de pinturas que conseguissem expressar a beleza da vida conforme percebemos com nossos olhos e nossos sentidos. E, na minha opinião, isso ocorreu por uma percepção equivocada das possibilidades da fotografia. Se é verdade que ela é capaz de captar o momento, todavia ela não consegue escolher o momento que capta. E menos ainda é possível para o fotógrafo retratar um momento imaginado, idealizado e belo. Nem mesmo a fotografia consegue, a não ser por um lance de muita sorte, captar um momento único e inesquecível, o que o pintor poderia fazer, bastando algum talento e técnica, apenas expondo aquilo que reteve em sua memória.

Foi Claude Lorrain que deu início à chamada peinture de genre, ao desenhar belas paisagens, que extasiavam quem as contemplasse. Suas obras foram tão influentes que passaram a servir de modelo para jardins e campos da vida real, em relação aos quais seus proprietários gastavam rios de dinheiro para os deixarem o mais parecidos com os quadros do pintor francês. Atualmente, não há mais nada disso. Não encontramos mais trabalhos que causem esse tipo de efeito.

Hoje, pelo desenrolar dos movimentos artísticos, perdemos essa possibilidade. Não há mais grandes artistas que se dediquem a oferecer-nos pinturas que expressem momentos únicos, modelos de beleza, que nos façam, nem que seja por alguns instantes, mais felizes.

Nosso mundo está mais feio, não apenas na realidade dos olhos, mas também na tinta dos pincéis.

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