Na cabeça de muita gente, Filosofia é algo complexo. Chegam a imaginá-la como um tipo de conhecimento esotérico, acessível apenas aos iniciados.
Os próprios filósofos acabam sendo os responsáveis pela incompreensão que cerca suas ideias, pois costumam expressar seus conhecimentos de forma hermética, com o uso de termos inusuais e raciocínios obscuros.
Parece até que a filosofia cuida de assuntos que não interessam a quase ninguém, apesar de seu objeto ser algo que interessa a todos nós: nossa própria existência.
Sendo assim, a filosofia não deveria se esconder atrás de conceitos impenetráveis e formas pomposas. Pelo contrário, sua função deve ser superar as aparências que se manifestam por meio de uma infinidade de elementos que escondem a verdadeira realidade por trás delas.
Pode-se dizer que o objetivo da filosofia é dissipar a confusão que os homens e a própria estrutura da realidade impõem. Assim, ela não precisa ser complicada.
Se a vida é complexa, a filosofia está aí para fazê-la simples, ou seja, fazer com que a consciência humana consiga identificar na existência alguma unidade.
É verdade que, às vezes, a própria realidade se apresenta cheia de dificuldades. Pois é nesse momento que a filosofia se faz importante, tornando compreensível aquilo que, em princípio, parece muito difícil de ser entendido.
O filósofo precisa lembrar que a função da sua ciência não é complicar, mas esclarecer. Por isso, seu esforço deve ser por torná-la inteligível, a despeito das dificuldades que encontre para dissipar a névoa de confusão que a realidade impõe. Como diz Locke, a filosofia deve ser complacente a ponto de se vestir segundo a moda ordinária.