Desde a eleição da Dilma, sobre o Aécio Neves, sabe-se que o sistema eleitoral brasileiro não é confiável. Inclusive, naquele mesmo ano, os auditores do próprio derrotado PSDB concluíram que as urnas eram inauditáveis. Isso deveria fazê-los concluir que as eleições eram suspeitas. Surpreendentemente, porém, chegaram à conclusão contrária, de que não havia do que desconfiar.
Se um sistema eleitoral é inauditável não importa se há fraude; ele já está corrompido. Se não há como comprovar que os votos foram mesmo para determinado candidato, então não há como confiar nesse sistema. Fraudadores irão sempre existir, mas o importante é haver instrumentos para detectá-los. Quando esses instrumentos não são possíveis, falar de fraude é perda de tempo.
No entanto, poucos políticos (mesmo de direita) trabalharam pela mudança desse sistema. Tanto que a proposta de voto impresso fora quase uma missão solitária do presidente. Os políticos participam das eleições (o que é uma forma de corroboração do sistema) e, só depois que perdem, lembram de falar de fraude.
De qualquer forma, ter um sistema inauditável parece ser mesmo o objetivo. E os próprios guardiões desses sistema estão jogando isso na cara de todo mundo. Tanto que ninguém achou estranho o Ministro Barroso vir ontem, em rede nacional, ao explicar os problemas que estavam ocorrendo nas apurações dos votos, que uma das razões para o STF não permitir o voto impresso é a possibilidade dos candidatos derrotados pedirem recontagem.
Oras, mas não é exatamente para isso que a impressão dos votos existe? Meu Deus! E ninguém se dá conta do absurdo?
Pior, estão todos, como sempre, discutindo superficialidades e, de uma maneira ou de outra, legitimando o sistema existente. Portanto, falar de fraude, nas eleições brasileiras, neste momento, parece-me só hipocrisia e desespero.