Uma das maiores incoerências que vejo na análise dos candidatos à presidência é esse fetiche por planos de governo. Nem parece que o Brasil já sofreu o suficiente com os planos mais mirabolantes, que nos colocaram no quase caos que vivemos hoje. Os analistas, ainda assim, continuam exigindo que os candidatos tenham planos minuciosos a apresentar, como se tudo pudesse ser resolvido por meio de planilhas e números.

Isso não esconde que mesmo essa gente que reclama da centralização do governo federal e do excesso de Estado, no fundo, espera algum tipo de Salvador da pátria, que, se não resolverá os problemas por meio do milagre, o fará por meio de suas excelsas capacidades administrativas. Mostram que são, na verdade, estatistas enrustidos, entusiastas da planificação nacional, da mesma maneira que os mais ferrenhos comunistas.

De minha parte, entendo que um presidente não deve ter muitos planos de governo. Ele deve ter, sim, princípios claros. Eu, como alguém que realmente não acredita na eficiência estatal (diferente de muitos liberais que, apesar de declararem isso, ficam exigindo minúcias de planejamento dos potenciais presidentes, como se a ineficiência estatal fosse um problema de gestão e não de natureza), tenho convicção que a presidência mais eficiente é aquela que trabalhe para afastar a si mesma de qualquer administração técnica, lançando para os indivíduos e para os entes menores da federação as responsabilidades por implementar políticas públicas.

O problema é que isso parece impensável, inclusive para os analistas mais liberais que continuam acreditando que um bom candidato é aquele que apresente, em detalhes, tudo o que ele pretende impor sobre a cabeça dos cidadãos. O que eles querem, parece, é um novo Lenin, com seus planos quinquenais.