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Morte, Carnaval e fantasia

Posted on 19/01/201510/03/2019 by Fabio Blanco

É interessante, senão bizarro, como, no Brasil, as pessoas são capazes de se comover com a condenação à morte de um traficante de drogas, em um país do outro lado do mundo, enquanto mantêm-se absurdamente insensíveis em relação às milhares de mortes violentas que ocorrem diariamente em suas próprias ruas.

Algo está fora de lugar nisso tudo. Nada justifica qualquer comoção com a condenação do brasileiro criminoso, quando centenas de outras pessoas, envolvidas com esse mesmo comércio ilegal, em terras brasileiras, são condenadas sumariamente pelo crime organizado e pela própria vida bandida que levam.

Qualquer manifestação de repúdio à condenação do traficante, sem uma multiplicada demonstração de inconformismo com a tragédia que ocorre em nosso país, é mais do que hipocrisia; é a prova clara de que o brasileiro perdeu completamente o senso da realidade e fala apenas por meio de categorias ideológicas.

Na verdade, essas pessoas quando reclamam do julgamento do governo da Indonésia, fazem isso não como defensoras da vida, mas como quem teve o orgulho ferido. Elas não estão preocupadas com o bem-estar do criminoso, mas apenas querem demonstrar sua indignação por ver um país agindo com a rigidez que lhes falta. É como se dissessem: o criminoso é nosso e só nós temos o direito de fazer dele o que bem entendemos. E nós sabemos muito bem o que se costuma fazer com os bandidos por aqui: os transformam em heróis!

O que mais me incomoda nisso tudo, porém, não são as manifestações das esferas governamentais, sabidamente corrompidas pela ideologia assassina do marxismo e historicamente defensoras de criminosos. O que mais me chama à atenção são os idiotas úteis que ocupam os meios de comunicação para revelar sua indignação com a aplicação da pena capital por aquele país muçulmano. Estes jornalistas, artistas e acadêmicos vêem a público expressar sua repulsa em relação à morte do traficante, em terras estrangeiras, enquanto se calam, em um silêncio sepulcral, quanto às milhares de mortes que ocorrem em baixo de seus narizes (talvez também porque, muitos destes, estejam com seus narizes prejudicados por uso contínuo das mesmas substâncias causadoras da condenação do brasileiro na Indonésia).

Tal discrepância apenas pode ser explicada pelas décadas de contaminação ideológica que tomou conta do beautiful people brasileiro. Estes, simplesmente, não conseguem mais pensar com lógica, com bom senso, baseados nos dados da realidade. Quando se manifestam, apenas expõem os lugares-comuns do pensamento de esquerda, que nunca teve qualquer compromisso com a verdade, mas, apenas, com sua utopia.

Assim, quando essas pessoas vêm a público reclamar da condenação do traficante, ao mesmo tempo que não se encontra em suas falas qualquer menção à carnificina brasileira causada pela violência oriunda da criminalidade nacional, só podemos concluir que trata-se de uma dissociação coletiva da realidade, que só pode ocorrer em uma nação já destruída por anos de propaganda ideológica criminosa.

Nem digo que esses faladores são mal intencionados. Pelo contrário, eles acreditam que estão defendendo o que há de mais alto em moralidade e amor à humanidade. Eles, simplesmente, perderam o senso do real.

Não se pode dizer nem que se trata de hipocrisia generalizada. Mesmo o hipócrita precisa ter uma noção da realidade para poder manipulá-la. O problema aqui é mais profundo. O brasileiro não vê mais o mundo como ele é, mas apenas o que ele imagina que existe.

Décadas de propaganda esquerdista tornaram o brasileiro um esquizofrênico. Para este, o perigo não se encontra nos fatos verdadeiramente perigosos, mas nas ameaças criadas pela sua própria imaginação. Da mesma forma, para os palpiteiros midiáticos deste país, a morte de um bandido, após um julgamento justo, em terras distantes se tornou uma afronta muito maior do que os assassinatos contínuos ocorridos ao lado de sua casa.

E dessa forma, seguem achando a coisa mais normal do mundo chorar a morte justa de um homem ligado ao tráfico de drogas, enquanto tripudiam dos milhares que morrem aqui, por causa do mesmo tráfico, ao se prepararem alegremente para festejar o Carnaval, sabidamente financiado pelo comércio de drogas ilícitas.

Somos o país do Carnaval e acho que é por isso que o brasileiro vive no mundo da fantasia.

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1 thought on “Morte, Carnaval e fantasia”

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