Uma das constatações mais fascinantes que a teoria das doze camadas da personalidade, do professor Olavo de Carvalho, faz é a de que as motivações que podem conduzir alguém que se encontra em uma camada superior é completamente incompreensível para quem se encontra em uma camada inferior.

Isso é fascinante porque explica muita coisa do que observamos de nossa vida em comunidade. Como quando, em uma sociedade onde a maioria das pessoas só entende as ações e expressões como resultados de interesses políticos, aquelas que agem movidas por motivações superiores não são compreendidas.

Se o que leva um indivíduo que se encontra em uma camada superior da personalidade a agir é completamente incompreensível para as pessoas que se encontram em uma camada inferior, as motivações dele são colocadas em dúvida e julgadas como cortinas de fumaça para ocultar interesses mesquinhos.

E se na sociedade a quase totalidade de seus membros não amadurece além da camada da personalidade onde o que importa é obter reconhecimento pessoal e ser feliz, agir baseado em motivações típicas de camadas superiores, torna a pessoa não apenas excêntrica, mas suspeita.

Sempre foi assim e, não por acaso, santos e heróis costumam ter um fim trágico, geralmente pelas mãos de quem, primeiro, não os compreendeu para, depois, considerá-los uma ameaça.