AbundânciaQuando as pessoas pensam no futuro, não é difícil imaginarem um mundo pós-apocalíptico, onde os recursos naturais estarão escassos e as dificuldades por causa da superpopulação evidentes. Profetas do terror, ambientalistas e socialistas do presente têm levado muitas pessoas a um estado de histeria, fazendo com que elas fiquem desesperadas com o fim próximo da vida abundante como estamos experimentando hoje.

Este é o tom dado pela maioria dos pensadores da atualidade. Entretanto, dois deles, pelo menos, estão convencidos de que o rumo das coisas é bastante diferente dessa tragédia anunciada pelos intelectuais e cientistas do nosso tempo.

Em seu livro, Abundância, Peter H. Diamandis e Steven Kotler defendem uma idéia que sai do lugar comum do pessimismo reinante e afirmam que não temos muito com que nos preocupar quanto ao gerenciamento dos recursos e dos bens no futuro. E a fonte da convicção deles é bem objetiva: com o desenvolvimento da tecnologia, aquelas dificuldades que hoje parecem insuperáveis, serão vencidas e, com isso, aproveitaremos os recursos disponíveis de tal maneira, que os problemas de hoje parecerão ridículos para quem experimentar tais conquistas

E, para começar a ver que o que eles dizem não é nenhuma sandice, basta observarmos a nossa experiência atual. Hoje, usos triviais de nossa vida cotidiana, sem os quais já nem imaginamos viver, como os meios de transporte e de comunicação, eram impensáveis há pouco tempo. Agora, usamos desses meios como se sempre estivessem ali e as dificuldades superadas por eles, de fato, parece até que jamais existiram. No entanto, para as pessoas de tempos atrás, imaginar que essas conquistas pudessem ocorrer era improvável.

Quem imaginaria, por exemplo, que o mundo chegaria até o número de sete bilhões de habitantes e, ainda assim, capaz de produzir comida suficientes para alimentá-los? Quem imaginaria que seria possível criar meios eficientes de distribuição dessa comida? Todavia, assim é feito, como resultado do desenvolvimento de tecnologias, as quais sequer prestamos mais atenção, mas que não existiam há pouquíssimo tempo

Diamandis e Kotler não têm dúvidas: o desenvolvimento tecnológico encontrará, como tem encontrado até aqui, soluções diante das ameaças de escassez propagandeadas pelos ambientalistas. Energia, água, alimentação e outras demandas serão, de uma maneira ou de outra, supridas pelos desenvolvimentos tecnológicos.

Entre outras, uma das razões exposta por eles para ter a convicção de que a tecnologia suprirá as ameaças de escassez é o que eles chamam de padrão de crescimento exponencial. Explicando de maneira bem sintética, significa que a tecnologia evolui de maneira constante, principalmente por causa do conhecimento acumulativo, e tende a aumentar a velocidade desse crescimento, em muitas vezes, em determinado momento dessa evolução. Os telefones são um perfeito exemplo disso. Por anos, eles foram evoluindo de maneira gradativa, até chegar em um determinado momento que o crescimento tecnológico foi tal, que um ano passou a ser suficiente para tornar o modelo antigo obsoleto.

Só isso, segundo eles, já é suficiente para saber, de maneira segura, que as soluções para o que ainda hoje é considerado problema sejam criadas. Assim, não haveria porque se preocupar demais com as falas dos alarmistas, já que eles apenas consideram o futuro segundo a tecnologia que temos no presente, o que seria um sério erro de avaliação.

E algo bastante interessante em tudo o que o livro traz é a verificação de que tais soluções, invariavelmente, são frutos do empreendimento particular. Seja por pequenos grupos ou mesmo pela ação individual, as grandes criações e descobertas surgem de mãos privadas. Daqueles, que os mesmos ambientalistas e socialistas sempre esperam as resoluções dos problemas, a saber, o Estado e as Corporações, dificilmente surge algo realmente inovador. São as pessoas, em seus interesses mais pessoais, que acabam desenvolvendo o que é preciso para o bem da humanidade

Não sei se todas as previsões dos autores, em todos os seus detalhes, se cumprirão. Na verdade, ninguém sabe. No entanto, uma coisa é certa: todo alarde feito por quem vive do terror social é puro ato político. A sociedade já deu provas, mais que suficientes, que os homens possuem inteligência o bastante para transpor as dificuldades que se impõem. Esta é a mensagem do livro. E ela é uma mensagem de esperança e otimismo, coisas que quem vive da ideologia não possui, definitivamente.