Isso pode até soar estranho, mas é fato: a Bíblia é antropocêntrica. Muitas pessoas diriam que não, pois confundem o centrismo, neste caso, com perspectiva. As Escrituras serem antropocêntricas não significa que suas idéias são expostas a partir de uma prisma humano, mas sim que o homem se encontra no cerne de suas palavras. A verdade é que o homem é o destinatário da revelação, o seu personagem central, além de ser o objeto da restauração oferecida por ela.

Alguém mais apressado pode até contestar dizendo que não o homem, mas Cristo, o Deus encarnado é o personagem central da Bíblia. E isto é fato, não nego. Porém, o Cristo é nada menos que o Messias – um homem. Aliás, a Bíblia trata primordialmente da encarnação, ou seja, da humanidade de Cristo. Também, toda a economia da salvação apresentada por ela é ofertada por meio do Cristo-homem, que assume a posição de último Adão, ou seja, de homem perfeito, conforme as palavras do apóstolo Paulo. Dessa forma, ao tratar Cristo-humano como a figura principal, a Revelação simplesmente reafirma o valor humano, pois está se referindo ao modelo perfeito de humano.

Sendo assim, não há como concordar com teologias que desprezam o homem, colocando-o na posição de mero coadjuvante de um teatro cósmico absurdo. Muito pelo contrário, ele ocupa posição central, e acaba sendo, além do objeto de amor de Deus, o responsável pelas mazelas ocorridas neste mundo.

O homem é assim, herói e vilão dessa história. O que não se pode negar, é que tudo gira em torno dele. Se há uma revelação é porque Deus quis comunicar-lhe algo, se há uma salvação é porque Deus quis resgatá-lo, se há um cristianismo, é porque Deus quis oferecer uma forma de salvação. Sem o homem não haveria nada disso, simplesmente, porque não seria necessário.

Mas a maior prova da importância humana é que o próprio Deus fez-se homem, para que tudo aquilo que Ele havia prometido pudesse ser cumprido na vida de suas criaturas.