Quando a religião deixa de ser a abertura para a verdade, ela já não mais faz diferença. É apenas mais um meio, entre tantos, para a satisfação da alma, para seu consolo, para a tentativa de encontrar paz.

Quando ela se transforma nisso, não existe mais diferença entre uma reunião religiosa e um workshop motivacional promovido por um coach. Os temas são os mesmos, a abordagem idêntica e até as formas se assemelham.

No final, tudo gira em torno da necessidade humana de conforto, de felicidade e de sentido. Independentemente de qualquer verdade subjacente, de qualquer realidade que se sobrepõe a nós, o mais importante passa a ser o sentimento, a sensação experimentada. O que as coisas são não importa. Importa o que elas nos causam.

No entanto, a religião deveria ser um mergulho profundo no sentido radical da existência. Nem sempre esse sentido traz sensações agradáveis. Pelo contrário, às vezes é até perturbador. Mas, não importa, é a verdade.

Isso não significa que a religião não ofereça boas sensações. Porém, estas são mero efeito, quase sempre indireto, de sua essência.

O cerne da religião é o que ela revela. Se essa revelação tem bons e agradáveis efeitos, isto é lucro.