Os moradores de uma cidade do Canadá foram surpreendidos, ao acordarem no dia 9 de setembro, com uma estátua erigida em uma das praças de sua cidade. Se depararam não com alguma figura ilustre de algum artista, político ou escritor. A estátua, na verdade, era do prório diabo. Uma figura vermelha, com chifres, com rabo (como sempre povoou o imaginário das pessoas) e, pasmem, com um pênis ereto.

Obviamente, boa parte da população que se deparou com aquela figura intimidadora incomodou-se e reclamou junto às autoridades para que ela fosse retirada. E como não havia qualquer autorização para ela estar lá, acabou mesmo sendo removida.

No entanto, cabe uma reflexão: o que faz alguém erigir uma estátua como essa? Que tipo de mensagem ela quer transmitir?

É bem provável que a estátua seja uma mera pilhéria, uma provocação. Mas as pilhérias e as provocações denotam sentimentos que se encontram escondidos na alma das pessoas e acabam revelando aquelas coisas que mais as incomodam, que se tornam as vítimas preferenciais de sua jocosidade.

No caso, Satã é sabidamente, dentro de história bíblica, o inimigo de Deus. É certo que teologicamente ele é o inimigo dos homens, mas, de qualquer forma, sua batalha é um ato de rebeldia contra Deus. Sendo assim, levantar uma estátua que faça referência ao Diabo é, simplesmente, querer demonstrar seu ódio contra a divindade, declarar que o Deus cristão é uma força inimiga.

Este é, com efeito, a síntese do pensamento moderno. O homem de hoje, como um adolescente que se revolta contra seus pais, faz de tudo para chamar à atenção e faz questão de demonstrar que ele se sente oprimido por eles. Da mesma forma de quem colocou a estátua do diabo na praça canadense, quer manifestar sua revolta, exaltando aquilo que ele considera ser uma afronta.

E o pênis ereto é simplesmente uma provocação, fazendo referência a algo que acredita ser uma forma de causar incômodo. Por ser o sexo tema que historicamente suscita sensibilidades no meio cristão, aqueles que desejam escandalizar, fazem referência a ele para isso.

O problema é que tal referência apenas denota a própria obsessão do provocador. Enquanto para o cristianismo, a questão sexual costuma ser um problema somente até o casamento, tornando-se trivial durante ele, para o rebelde o sexo é perpetuamente uma questão mal resolvida. Mesmo que tente aparentar naturalidade em relação a isso, ao usá-lo como forma de protesto acaba confessando que, para ele, o sexo é sempre algo especial, uma arma, um instrumento de identificação e auto-afirmação.

Um diabo com o pênis ereto pode até causar certa inconveniência a moradores simples de uma cidade pequena. No entanto, mais do que uma ameaça, essa estátua é o símbolo do idiota contemporâneo: alguém que sem nada de positivo com que se identificar e não disposto a aceitar os princípios de um Deus que ele considera opressor, se conforma em mostrar sua revolta como um menino que usa as travessuras para ter a atenção de seus pais.