Se um argumento tem como premissa uma interpretação equivocada dos fatos, ele está comprometido. Toda a sequência argumentativa pode estar perfeitamente lógica, mas se sua premissa é falsa ela está errada.

Isso foi o que aconteceu com o filósofo Slavoj Zizek, no chamado debate do século que ele teve com o psicólogo Jordan Peterson.

Em sua crítica ao capitalismo, Zizek partiu da premissa que a China é uma das mais pujantes economias capitalistas do mundo, controlada por um poder central forte: o Partido Comunista.

Assim, o filósofo esloveno concluiu que o capitalismo atingiu seu ápice exatamente por meio de um poder centralizador ditatorial – o que seria uma grande ironia.

Na sequência de seu discurso, toda a crítica que Zizek faz ao capitalismo parte dessa conclusão.

Ocorre que essa é uma falsa conclusão. Simplesmente porque parte da premissa equivocada de que a China é uma das maiores economias do mundo.

Na verdade, em valores brutos, isso pode até ser verdade. Em números absolutos a economia chinesa movimenta valores que ultrapassam a maioria dos países.

Porém, isso não quer dizer nada. A China é um dos países mais populosos da terra e está inserido no mercado capitalista internacional, fazendo uso de mão de obra barata, atraindo diversas empresas para seu território, além de lançar nos mercados os seus produtos de qualidade duvidosa.

Porém, considerando a renda per capita – que é o verdadeiro indicador da riqueza de um país – a China, fica entre o 70° e 80° lugares, segundo os melhores índices medidores desses dados.

Assim, o país asiático está longe de ser um dos mais ricos do mundo. É apenas um dos que movimentam mais dinheiro, o que é algo bem diferente. Sua população, porém, apesar de toda a riqueza que vê passando diante de seus olhos, continua pobre.

Sendo assim, toda a argumentação do filósofo Zizek está comprometida e suas conclusões prejudicadas.

É o que dá racionar com premissas mal pensadas e estabelecidas de antemão.