O imigrante e a nova cultura

O imigrante que não se deixa absorver pela cultura do país no qual vive é um ingrato. Sua postura é incoerente com seu status e sua atitude é uma agressão contra quem o acolheu.

O país que recebe um imigrante é aquele que lhe deu a oportunidade de seguir sua vida – oportunidade que, provavelmente, não teve em sua terra natal. Alguém apenas se muda para outro lugar porque este lugar lhe oferece algo que ele não encontrou onde vivia. Não considerar tudo isso é arrogância, ou como diz Cervantes, “a ingratidão é filha da soberba”.

São as regras do país que acolhe o imigrante que o protegem. Se o imigrante pôde estabelecer-se ali é porque o sistema legal existente permite isso. Por isso que levantar-se contra a ordem da nação é a maior afronta que o imigrante pode fazer contra quem abriu seus braços para recebê-lo.

Até porque é exatamente o sistema jurídico-econômico da nação o fator que proporcionou as circunstâncias que permitiram ao imigrante encontrar o ambiente propício para dar andamento a sua vida. Ir contra esse sistema é, além de ingratidão, um tremendo contrassenso.

E que não se argumente que há as diferenças culturais e elas devem ser mantidas. Tais diferenças são óbvias, porque se todos os países defendessem os mesmos valores e possuíssem formas de pensar idênticas, provavelmente as oportunidades oferecidas por eles seriam semelhantes, o que tornaria a imigração quase desnecessária. Um país que valoriza o trabalho, por exemplo, provavelmente gerará mais empregos que um que cultua suas belezas naturais ou o bem estar de seu povo. Assim, quando o imigrante se muda para o novo país é porque a cultura do local para onde se dirige preenche uma lacuna de necessidade, exatamente por possuir elementos que certamente faltam em sua cultura natal. Assim, ele tem obrigação moral de honrar essa cultura nova, pois foi ela que saciou seus anseios e supriu aquilo que lhe faltava. Se sua cultura original for mantida intacta, se não houver nenhuma tentativa de absorção no novo ambiente, haverá um conflito que, invariavelmente, acabará em perturbação.

A verdade é que a assimilação do imigrante assemelha-se, guardadas as devidas proporções, a uma adoção. É sob a égide da nova casa que o estrangeiro irá educar-se e desenvolver-se. É sob a proteção da nação acolhedora que ele poderá dar andamento aos seus planos e realizar seus sonhos. Portanto, de seu lado deve haver o verdadeiro respeito de um filho, que reconhece as autoridades de seus pais, que segue as regras da casa deles e os defende de toda a acusação leviana que possa vir de fora.

 


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