Sobre o chamado “o novo normal”, meu amigo, Klaus Tofanetto, lembrou que Gustavo Corção certamente acharia essa expressão uma grande besteira, já que ele considerava que a ideia de normalidade baseada na prática da maioria estava errada. Segundo o escritor carioca, os comportamentos não poderiam ser medidos dessa maneira.

Mas, o que é normal, afinal?

Uma das formas de identificar a normalidade é observando a regularidade. Aquilo que acontece com constância, geralmente, passa a ser tido por normal.

No entanto, nem toda regularidade pode ser considerada normal. Antes de tudo, é preciso identificar qual é a fonte dessa regularidade.

A regularidade comportamental, muitas vezes, pode ser fruto de determinações governamentais, de convenções humanas, de hábitos adquiridos (inclusive vícios) e mesmo de situações extraordinárias e passageiras.

No entanto, se esse tipo de regularidade for o parâmetro para identificar o que é normal, a normalidade será algo instável, incerto – o que é o contrário do que se espera dela.

Na verdade, se o normal estiver sujeito às vicissitudes humanas, então não há normalidade alguma. Ele passa a ser algo absolutamente imprevisível, irregular.

A regularidade que fundamenta a normalidade só pode ser encontrada em algo mais estável, mais perene. A regularidade só pode vir daquilo que não muda conforme os tempos. Assim, apenas aquilo que é natural, no sentido de não ser uma artificialidade e fruto da engenhosidade humana, é que pode ser a origem do que é considerado normal.

Falar em “novo normal”, portanto, serve apenas para considerarmos natural aquilo que não é.

O normal só pode vir daquilo que naturalmente permanece. Todo o resto é invenção.