Nem toda verdade é facilmente justificável. Há inclusive aquelas que ninguém explica. Existem verdades complexas e outras que se escondem por detrás de muitos véus, que exigem esforço e engenho para serem alcançadas.

Ainda assim, há quem alimente uma ilusão racionalista, acreditando que devem apenas aceitar verdades que pensam poderem ser devidamente explicadas. Abandonam a multidão de convicções que poderiam ter com a ajuda da intuição e ficam apenas com a escassez de certezas que a razão lhes proporciona.

É que desprezam a intuição, como se fosse uma forma inferior de entendimento, quando não uma ilogicidade ou mero instinto. Por não enxergarem nela o percurso da razão, têm-na por irracional – o que é um erro.

Tornam-se então áridos, infrutíferos, ainda que rigorosos.

O que não entendem é que a intuição é conhecimento, ainda que um conhecimento não raciocinado. É conhecimento direto. Aquilo que sabemos pelos sentidos é intuição; o que sabemos sem raciocinar também. Às vezes até há raciocínio envolvido, mas ele é tão sutil que é feito de maneira inconsciente. Intuir, portanto, é como chegar ao destino em um salto, sem passar pelas tortuosidades do caminho.

Obviamente, a intuição pode errar. Mas isso não é privilégio seu – o raciocínio já deu fartas mostras que também está sujeito à mesma falibilidade.

Por conseguinte, apesar de não se exigir que a intuição seja tida por infalível, o conselho é que se não a despreze. Isso porque, apesar de a intuição não ser uma prova indubitável, geralmente trata-se de um bom indício da verdade. Se não garante sempre o conhecimento, antecipa-o muitas vezes com sucesso.