Vivemos em um mundo viciado em impressões. Em um tempo quando somos cercados por informações de todos os lados, poucos são os que se interessam, têm disposição e possuem tempo para se aprofundar no verdadeiro sentido das coisas. Basta a aparência e se dão por satisfeitos, como se o olhar superficial fosse suficiente para alcançar o que existe de substancial. Se considerarmos que existe uma diferença entre informação e conhecimento, sendo que aquela se refere aos dados que recebemos, simplesmente e este envolve a compreensão das razões desses mesmos dados e depende de reflexão e aprofundamento, podemos entender bem o que acontece hoje em dia.

O mundo contemporâneo tem experimentado a proliferação de informações, principalmente por meio das mídias, que são cada vez mais amplas, mas que, em proporção inversa, favorecem o desprezo pelo verdadeiro conhecimento. Hoje, a maioria das pessoas tornou-se leitora de títulos de matérias e isso não é um exagero. Para poder dar conta dos fatos que são tidos por relevantes e substituem-se meteoricamente, aqueles que acompanham a divulgação das informações têm recorrido à seleção e experiência, que são dois tipos de atalhos psicológicos usados para subtrair o tempo gasto em algo. Lançando mão desses artifícios para encurtar o caminho à informação, acreditam que com apenas uma olhada são capazes de saber o que é mesmo relevante e o que não, o que interessa e o que não, e, assim, aplicam um filtro sobre as notícias. Daí, quanto às notícias restantes, poucos são os que se dispõem a lê-las até o final. Boa parte dos leitores simplesmente atém-se aos títulos das matérias como forma de assimilar as informações do dia e estar à par do que está acontecendo de importante no mundo.

Para quem observa-os discutindo sobre esses fatos cotidianos, a impressão é que são de pessoas altamente informadas, de verdadeiras conhecedoras dos assuntos tratados. Porém, quando se observa com um pouco mais de cuidado, fica claro que, na verdade, não passam de repetidoras de chamadas de jornal. A informação, que deveria ser apenas a porta de entrada para o conhecimento, tornou-se, ela mesma, o único conhecimento, dando forma a uma sociedade superficial e leviana. O problema é que como a informação tem aparência de conhecimento, as pessoas se enganam e acreditam que são possuidoras de algo mais profundo. Daí, mesmo possuindo nada mais que títulos de matérias em suas cabeças, sentem-se no direito de dar palpites e opiniões, o que reforça o estado de confusão presente.

Por mais paradoxal que pareça, uma das causas do anti-intelectualismo contemporâneo é exatamente o excesso de informações. Inflados com o que parece ser conhecimento adquirido, mas não passam de dados superficiais, as pessoas têm deixado de se aprofundar na reflexão das questões mais importantes, satisfazendo-se apenas com as impressões que as chamadas das matérias transmitem.

E esse vício por superficialidades afeta muito mais do que o consumo de notícias, mas está impregnado em todas as atividades da vida contemporânea. E influencia também a própria religiosidade das pessoas. Assim, mesmo os cristãos acabam experimentando essa doença, o que reflete, inclusive, em sua vida religiosa e faz com que o próprio conhecimento sobre sua fé se baseie apenas nas aparências.