O poder não tem limites. Seu gosto é tão enebriante que quem o experimenta quer sempre mais. O poder revela as profundezas do ser humano. Remexe os desejos mais recônditos. Desejos de controle; desejos de domínio. O poder é como um feitiço, que toma conta do homem e, hipnotizando-o, faz dele quase um autômato, a responder seus comandos.

A verdade é que não há limites para o exercício do poder. Quem está tomado por seus encantos quer cada vez mais.

Só há dois limitadores para a imposição do poder: a impossibilidade física ou uma força intimidadora contrária. Os grandes déspotas da história apenas não cometeram mais atrocidades e não expandiram mais seus domínios porque estavam impossibilitados materialmente para isso. Imagine um Genghis Khan se tivesse, ao seu dispor, aviões bombardeiros ou se Napoleão pudesse lançar bombas nucleares! Imagine um Hitler se não se deparasse com a resistência dos Aliados!

Agora, preste atenção ao que os novos ditadores têm a sua disposição. Pense como todo a tecnologia e os novos aparatos podem servir para que seu poder seja imposto sobre as pessoas. E, atualmente, não são apenas instrumentos de impacto visível, como exércitos, bombas e explosivos, mas algo que lhes permite exercer um domínio muito mais profundo: armas de manipulação mental.

Todo o conhecimento e tecnologia disponíveis para os dominadores de nosso tempo lhes permite algo muito mais eficiente do que ferir ou matar. Permite cooptar seus alvos. Em vez de mortos, faz escravos. E o melhor ainda (para eles) é que podem tudo isso em uma guerra limpa, quase sem rastros.

Não pensem, portanto, que um ditador, grande ou pequeno, vai ser contido por algum escrúpulo ou que possa haver algum limite para seus atos. Se ele não faz mais é porque os instrumentos que estão a seu dispor não lhe permitem ou, então, porque se deparou com forças que o intimidaram, que despertaram nele o medo.

Por isso, nossa esperança, quando estamos diante de um aspirante a ditador, é descobrir que forças podem ser essas.