O exercício dos papéis sociais exige alguma fragmentação. Muitas vezes, precisamos assumir funções e atividades que não são totalmente compatíveis com nossas personalidades e interesses. Isso, obviamente, causa tensões e pode gerar algum tipo de frustração. No entanto, dizer que se deve negar essa fragmentação é algo muito simplista. Ela, geralmente, é uma imposição da realidade social e fingir que ela não existe pode ser mais prejudicial do que seria aceitá-la.

Assumi-la plenamente, porém, também não é uma atitude saudável. Quem faz isso, não se torna muito diferente de um esquizofrênico, que cria diversas máscaras a fim de apresentar-se para os outros conforme as necessidades e as circunstâncias.

O certo é que a melhor maneira de lidar com essa fragmentação inexorável é vivenciá-la com inteligência e consciência, jamais deixando-se absorver por ela, mas, pelo contrário, tendo o pleno controle a partir sua própria personalidade unificada.

O importante é não permitir que esses papéis sociais assumam o lugar da personalidade real e se confundam com ela. O fato é que se alguém pretende manter a sanidade deve viver seus papéis sociais não como se fossem outras expressões de si, nem como outras personalidade, mas como roupas que se vestem, que não negam quem somos e apenas servem como instrumentos para que se possa transitar no meio social com mais desenvoltura.

A personalidade é única, as formas que ela pode usar para se manifestar, múltiplas. O erro ocorre quando confunde-se as duas coisas e as formas assumem ares de personalidade.

A personalidade sempre pode usar de formas específicas para manifestar-se. O que a personalidade não deve esquecer é de quem ela é e não deve jamais permitir que qualquer papel social se torne, de alguma maneira, um substituto para ela.