O pensamento moderno cindiu o homem, lançando para o alto suas convicções religiosas e deixando para a terra aquilo que ele chama de científico. Não há mais unidade, porque o indivíduo de hoje reclamou autonomia e não suporta ter de dar contas de sua vida, nem de seus pensamentos, para um Deus superior. Ele pode até acreditar em uma divindade, mas esta não passa de um demiurgo, afastado em seu trono distante.

O maior problema é que esta maneira de pensar permeou não apenas as cabeças mundanas, mas foi absorvida pelas mentes cristãs. Os próprios crentes preferem ver sua fé como algo que não tem a ver com este mundo, que pertence apenas às coisas transcedentais e que, por isso, não está sujeita à análise e julgamento terrenos.

Se antes as pessoas viam tudo como uma coisa só, quando terra e céu se encontravam nos símbolos e na experiência cotidiana, a partir da modernidade a fé deixou de ser o conhecimento do invisível e passou a ser apenas a esperança do inalcançável. Ter fé, para os cristãos de hoje, é apenas acreditar em coisas que não podem explicar.

Sua religião, portanto, passou a ser apenas uma expressão de um sentimento subjetivo, de uma certeza sem lógica, de uma confiança sem sentido. Dizem, então, esses mesmos religiosos, que sua religião não se discute, porque não pertence a este mundo. Mal sabem que, com isso, apenas repetem a fórmula mundana, que diz que a fé é intelectualmente inferior, pois não é conhecimento.

Por meu lado, tenho plena convicção da superioridade intelectual da religião que sigo. Por isso, ela está disponível para o debate. E digo mais, cuidado quem quiser combatê-la, pois sua vergonha será exposta. Ela, por dois milênios, vem travando batalha contra aquelas consideradas as maiores mentes deste mundo e nenhuma delas conseguiu destruí-la. Por que, então, que os anões de hoje acham que podem?