Uma paródia, só tem graça, se faz a gente ver algo de realidade por detrás dela. São, por exemplo, engraçadas as sátiras que fazem do Bolsonaro meio truculento, do Lula cachaceiro, da Dilma não falando coisa com coisa porque todas elas possuem um fundo de verdade. São exageros que nós reconhecemos alguma realidade por trás. E, por isso, rimos delas.
Porém, não há graça nenhuma em pintar a mesma Dilma como uma mulher delicada porque não vemos nenhum traço disso nela. Nem teria graça retratar, por exemplo, o papa Ratzinger como alguém cheio de malandragens, porque não há nada no jeito ou na biografia dele que nos remeta a isso.
Por isso, A Vida de Brian, do Monty Python é engraçada, porque ela faz-nos reconhecer alguma verdade sobre a fé, sobre a religião, sobre a superstição e até sobre o pensamento revolucionário por trás daquele roteiro. A gente ri daquilo – às vezes, um pouco sem jeito –, mas ri.
Só que para fazer esse tipo de comédia precisa ter inteligência, porque ela é sutil. Ela capta detalhes que, às vezes, passam desapercebidos pela maioria das pessoas.
E é exatamente isso que falta aos meninos do Porta dos Fundos: inteligência e sutileza. A tentativa de sátira que eles fazem sobre Jesus e sua família é somente escárnio e escárnio não tem graça. Não tem graça porque não tem referência na realidade, nem no conhecimento que temos da história. É apenas uma maneira que eles encontraram de vilipendiar a fé alheia, tentando extrair de um público tão imbecil quanto eles o riso fácil. Pegaram a história e fizeram uma brincadeira inverossímil, apenas para vilipendiar os personagens.
E o pior, é que devem se achar super corajosos por enfrentar, dessa maneira jocosa, a fé de milhões de senhores e senhoras que não fazem mal a ninguém.
Proponho-lhes, então, um desafio, para que ratifiquem tamanha virilidade: façam algo parecido com Maomé, e veiculem em alguma tv islâmica. Se fizerem isso, ganham o meu respeito.