O que me fascina e me motiva a escrever é a tentativa constante de compreender o espírito do nosso tempo

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Nunca perguntei se quem acompanha o que escrevo neste blog entende o objetivo mais profundo deste trabalho. Em 10 anos, já falei de tantos assuntos, que parece que o que desperta meus escritos são as circunstâncias. Quem segue superficialmente os artigos que disponibilizo por aqui pode ter a impressão que sou um analista dos fatos cotidianos, meramente.

Diante disso, acho conveniente explicar um pouco o que sempre pretendi com esta página. Talvez, assim, algumas pessoas passem a compreender melhor tudo aquilo que eu compartilho nela.

Apesar de ter iniciado uma faculdade de Jornalismo, não a conclui. Isso porque eu percebi que o que me motivou a tentar ingressar na carreira era algo completamente diverso do que ela me oferecia, de fato. Escolhi ser jornalista porque eu gostava de escrever. Sempre quis ser um articulista, um cronista. Quando descobri que a faculdade preparava, não para isso, mas para ser repórter, desisti.

É que os fatos brutos nunca despertaram tanto assim o meu interesse. Não que eu os desprezasse, mas sempre me interessou mais os motivos, as razões, as circunstâncias que os conduziram. Os fatos, por mim, sempre foram vistos como o sinal de algo, o sintoma de alguma coisa. Por isso, o que eu analiso nunca é o fato em si, mas os motivos por que eles ocorreram e seus efeitos nos indivíduos e na sociedade.

É verdade que, constantemente, comento sobre os acontecimentos do momento. Mas, se vocês repararem bem, sempre tento fazer uma análise do que os envolve, bem mais do que os detalhes fáticos minuciosos que se apresentam. Tais detalhes, na verdade, me são bastante enfadonhos. Admiro os pesquisadores, os historiadores, os repórteres que se debruçam sobre as pequenas coisas. Eu, porém, não tenho muita paciência para isso.

O que me fascina e me motiva a escrever é a tentativa constante de compreender o espírito do nosso tempo. Convicto de que ele se manifesta nas ações humanas, tenho-as, muito mais, como pretexto para entender o ser humano do que para saber o que acontece.

E tenham a certeza de uma coisa: mesmo os atos mais singelos, os fatos mais triviais, fornecem informações importantes sobre a alma humana. Basta observá-los com a devida atenção, possuindo os instrumentos intelectuais necessários para entendê-los.

Acredito, diante dessa explicação, que ficou mais claro para vocês minhas intenções com este blog. Aqui é um espaço onde eu busco apresentar o que se encontra por detrás daquilo que vemos. Já existem diversas fontes de informações que trazem, quase em tempo real, com bastante eficiência, os fatos e os acontecimentos. Não é necessário mais uma. Meu objetivo é compartilhar uma visão bastante pessoal de tudo o que testemunhamos e, nisso, tentar encontrar o que se acha em volta de tudo isso.