reformaEm relação à Reforma Protestante, ocorrem dois erros de avaliação que qualquer estudo mais sério dos fatos dissolve. Protestantes costumam ver tudo como ação divina, como se a Igreja até ali fosse apenas um covil de hipócritas e heréticos e acabasse de ser resgatada por meio da ação de verdadeiros enviados do céu. Do lado católico, a visão que se tem é que o que ocorreu foram atos dirigidos por endemoninhados e rebeldes que tinham como único objetivo virar o mundo de cabeça para baixo.

Na verdade, ambos os lados têm alguma razão no que afirmam, mas de uma maneira bastante limitada. Nem a Igreja Católica era a podridão absoluta que a visão protestante tenta passar, nem os protestantes eram os malucos revoltados que a historiografia católica insiste em apresentar. Nem os católicos eram os santos puros e inocentes traídos como gostam de dar a entender, nem os protestantes os homens mais justos do mundo, somente cheios de boas intenções, como querem que se acredite. Ambos os lados tinham suas razões e ambos os seus erros e interesses.

E, antes de querer afirmar categoricamente se aquelas razões eram justas ou não, é preciso entender o contexto da época, a configuração política da Europa e as ideias que povoavam a mente dos intelectuais e religiosos daquele tempo. Isto, sim, é um estudo sério sobre o assunto.