Toda pessoa se encontra diante de um desafio: não deixar-se perder na vida. A luta é por manter, até onde for possível, o controle da própria existência.

Não que possamos determinar tudo o que acontece conosco, mas, minimamente, somos capazes de dirigir-se em uma direção determinada, ainda que, algumas vezes, seja preciso retomar a rota.

Claro que existe o imponderável e contra ele não há prevenção. De qualquer forma, fora do que foge ao nosso controle, há um espaço razoavelmente largo onde é possível determinar o caminho que tomaremos.

Digo isso porque veja muitas pessoas que alcançam o último estágio de suas vidas, quando deveriam estar em paz e certos de terem construído algo, totalmente alquebrados, perdidos, com pendências diversas e ainda lutando, como se fossem jovenzinhos, por questões básicas.

Não tenho quase nenhum medo na minha vida, mas essa visão da velhice, confesso, me assusta.

Quando vejo um senhor, que já deveria estar gozando de um tanto de paz, esbaforido na busca do pão cotidiano, oprimido pelo peso dos insucessos e já sem qualquer esperança de ter sua situação transformada, isso corta o meu coração.

Um grande desafio é, portanto, não deixar a vida escapar pelos nossos dedos. Como fazer isso não é um segredo, mas passa, certamente, por exercícios diários de reflexão, decisão e cultivo do espírito.

Alguns conseguem e estes, de alguma maneira, se tornam mais felizes.