Há um atributo do homeschooling que normalmente não é levado em conta. Quando as pessoas pensam em ensino domiciliar, elas costumam considerar, como razões para sua aplicação, questões morais, políticas, religiosas e de consciência. No entanto, ao menos para mim, o maior motivo para assumir a responsabilidade pelo ensino intelectual dos próprios filhos é a convicção de que são os pais os encarregados por isso, não o governo.

Em nossa cultura de achar que é sempre do Estado a incumbência pela educação das crianças, falar em homeschooling soa absurdo. Os pais que decidem por isso são mesmo tido por irresponsáveis, como se tirar as crianças da escola fosse um crime, um abandono intelectual.

O que não é muitas vezes considerado é que o ensino domiciliar significa os pais assumirem a obrigação de conduzir sua própria prole e, independente de suas convicções morais, afirmarem que, nas questões essenciais da vida dos filhos, são os pais que resolvem as coisas.

Nada mais justo e valoroso! Se os filhos são meus sou eu que devo cuidar de sua formação intelectual.

Isso não significa que esses pais precisam, pessoalmente, ser os mestres. Mas, certamente, são eles que irão escolher os professores, decidir o método que estes irão aplicar e as matérias que vão ensinar. São eles, os pais, que serão assumirão a tarefa de avaliar o desenvolvimento das crianças e decidir quando cada assunto é propício a ser ministrado.

Isso soa um escândalo para os ouvidos acostumados a escutar sobre a responsabilidade do Estado sobre as nossas vidas, do quanto ele é obrigado a oferecer boa educação e direcionar a mente dos nossos próprios filhos. No entanto, a ideia do homeschooling nada mais é do que mais uma face da filosofia do faça-você-mesmo ou do entendimento que você é quem responde por sua vida e de sua família.

Por isso, homeschooling não pode ser tratado como uma opção de radicais anti-sociais. Pelo contrário, trata-se de uma decisão bastante racional de quem sabe muito bem quais são suas obrigações dentro de uma sociedade e deseja viver sem sobrecarregá-la, nem depender dela.