Observem como os formadores de opinião mais requisitados não são aqueles que analisam os fatos com acuidade e sinceridade, mas os que dão provas de que estão ao lado das bandeiras do momento.

Isso porque, na sociedade atual, os considerados mais inteligentes não são aqueles que tentam compreender a realidade, mas os que se adequam a ideias já consagradas, divulgando-as, não como pensadores, mas como propagandistas.

No entanto, a inteligência não se revela na repetição de ideias, nem na divulgação de conceitos, mas na capacidade de captar, com fidelidade, a realidade; não é um exercício de replicação, mas de absorção. Alguém que compreenda bem o mundo a sua volta, mesmo não conseguindo expressar devidamente o que vê, ainda pode ser considerado inteligente; quem, porém, apenas reverbera as construções mentais, ainda que criativas, mas que são baseadas numa interpretação equivocada da realidade, não o será jamais.

Por isso, é mais provável encontrar inteligência nas ruas do que nas cátedras. O povo, pelo menos, enxerga a realidade diretamente, sem vieses que lhe desviem. Os considerados inteligentes, esses geralmente acabam corrompidos pela própria instrução.