Quando fiz uma rápida incursão no curso de Psicologia, na faculdade, não havia um dia quando eu não deixava de olhar para aqueles jovens de minha classe, todos alegres e esperançosos em poder realizar-se com uma profissão pela qual poderiam ajudar as pessoas, e pensar o quanto eles eram ignorantes em relação aquilo que lhes aguardava.

Tendo eu já tido contato com Jung, mesmo antes de tentar fazer um curso oficial em Psicologia, sabia que o universo da mente humana podia ser um labirinto tenebroso. Aquelas crianças, porém, em sua grande maioria, sequer tinham ideia do que estava a frente delas e aquilo realmente me condoía.

Imaginando a profissão do Psicólogo como a de um assistente social, não tinham a menor noção do quão sombria podia ser a alma humana.

Não é à toa que muitos jovens desse tipo, quando realmente decidem seguir carreira na área da Psicologia, acabam se tornando terapeutas, invariavelmente meramente comportamentais, e não se arriscam muito nas profundezas do ego alheio.

É por isso que encontramos tão poucos psicólogos, e mesmo psicanalistas, que podem ser considerados verdadeiros estudiosos da psiquê humana. São raros aqueles que têm coragem de se aprofundar nesse mundo lúgubre, que pode fazer com que alguém que, de maneira leviana, tente adentrá-lo, acabe contaminado por sua funesta natureza.

Eu, de minha parte, aprendi que a psiquê humana pode abrigar todos os tipos de demônios e que a própria natureza humana é misteriosa demais, e surpreendente, tanto para o bem, como para o mal.

Quem pretende ser psicólogo, portanto, deve estar preparado para se lançar em um universo dantesco, cheio de círculos infernais e personagens diabólicos, onde aquilo que parece impensável e inconcebível pode se tornar realidade.

Por isso, esse médicos de alma precisam ser vocacionados para tanto e se preparar adequadamente, sob pena de sofrerem as consequências dessa escolha tão arriscada.