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Excesso de Vozes nas Redes Sociais

As redes sociais nos têm feito muito mal. Nossa estrutura humana – psíquica e física – não é capaz de processar tantas informações, principalmente da maneira desenfreada como as consumimos. É um verdadeiro ataque silencioso ao nosso espírito.

Tenho plena convicção de que muito da depressão, pensamentos suicidas, sensação de falta de sentido e um desânimo mórbido são consequências dessa exposição inconsequente.

O ser humano sempre absorveu uma quantidade limitada de dados. Mesmo com os meios de comunicação em massa, quando houve um aumento exponencial das informações, nada se compara ao que temos hoje. Somos bombardeados pelos conteúdos mais diversificados, que se alternam em segundos. Abarrotamos nossa alma com todo tipo de ideias, pensamentos, conselhos, notícias, estudos, informações, piadas, imagens e sensações.

Tudo a que nos expomos, querendo ou não, ingressa em nosso espírito. Independentemente da qualidade desses conteúdos, nosso cérebro tentará processar essas informações, ainda que nada faça sentido para ele. Claro que essa tarefa lhe é hercúlea. Como consequência, pensamentos e sentimentos afluirão anarquicamente de dentro de nós, sem que sequer percebamos.

Nós não temos controle de tudo o que absorvemos. Em geral, somos meros pacientes nesse processo, colaborando muito pouco com ele. Como nossa mente vai processar tudo acaba sendo uma incógnita. Pode ser que crie sínteses criativas e inteligentes, ou gere neuroses, ideias negativas, ilusões esquizóides e obsessões. Por isso, tenho convicção que muito dos sentimentos e pensamentos negativos que brotam de dentro de nós são fruto dessa relação irresponsável com as redes sociais.

Pouca gente irá falar sobre isso, porque muitas delas ganham muito com essa dependência que as redes sociais provocam. Mesmo assim, não sou contra seu uso, pois reconheço as possbilidades que oferecem. Apenas proponho a ponderação em relação ao seu consumo, lembrando sempre de que não nos há nada mais caro do que a nossa sanidade.

O filme Replicas e a localização da consciência

O filme “Replicas” (Cópias – de volta à vida) parte de um pressuposto do qual eu não comungo, mas que está de acordo com o entendimento da quase totalidade dos cientistas e neurobiólogos do mundo inteiro: a de que nossa consciência reside em nosso cérebro.

O roteiro trata de um cientista que trabalha em um projeto de transplante de consciência. A ideia é conseguir com que todos os dados, incluindo a memória, as sensações e a autoconsciência, sejam possíveis de ser transmitidos de um cérebro orgânico a um outro sintético. Pega-se uma pessoa recém-falecida, sem avarias cerebrais, e “ressuscita-a” em um outro cérebro, sob um outro corpo, criando assim uma réplica autoconsciente.

A premissa subjacente do motivo do filme é a de que a nossa consciência está limitada ao nosso cérebro. Portanto, se houver um desenvolvimento de uma tecnologia capaz de transferir os dados de um cérebro para o outro, isso permitiria que a vida das pessoas fossem continuadas, ainda que em cérebros e corpos diferentes*.

Sinceramente, eu não acredito nisso. Penso que temos uma consciência que está fora e além do corpo; que até depende do corpo para se manifestar nesta vida, mas que supera em muito nossa biologia.

Alguns estudiosos, como o dr. Larry Dossey, chamariam isso de Mente Una, outros de consciência coletiva. Eu não sei se eu iria tão longe, mesmo não descartando completamente a hipótese de uma participação em algo que esteja além do indivíduo

Eu apenas penso que nossa mente não está confinada no cérebro e que existe além dele, talvez anterior a ele, e que sobreviverá a ele de qualquer maneira.

Por causa disso, eu entendo que o cérebro atua mais como um instrumento, um órgão executor da consciência, que auxilia a consciência para que ela se manifeste nesse mundo, mas que, exatamente por isso, se torna um limitador dela.

Diferente da percepção comum, apesar de entender a importância do cérebro para a ordenação dos dados tratados pela consciência, penso que ele acaba restringindo-a, como um canal apertado por onde ela precisa passar.

Por isso, acredito que o pressuposto do filme é inaplicável, pelo menos na dimensão proposta por ele.

Talvez, um dia, seja possível até transmitir dados entre cérebros, mas transplantar a consciência penso ser um objetivo inalcançável.

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* Uma outra série com uma premissa semelhante chama-se Altered Carbon.

O aborto e a memória intra-uterina

FetoHá muitos argumentos contrários ao aborto. De razões religiosas, éticas e espirituais, até argumentos científicos, são vários os motivos para não se praticar a interrupção da gravidez. Sem contar o óbvio: a proibição da lei.

E em meio ao debate sobre o tema, muito se discute se o feto já pode ser considerado um tipo de vida, ou mesmo uma vida plena, ou se é apenas um amontoado de células, que não possui, ainda, as características necessárias para ser considerado um ser humano completo. Continue Reading