Quase todos os comentários políticos que circulam por aí não são mais do que palpites. Como não consideram a essência das coisas, mas satisfazem-se com os eventos do dia, não passam de observações sobre o evidente, comentários sobre o óbvio.

É por isso que, geralmente, converso pouco, pois me é enfadonho ouvir sobre o que as pessoas mais apreciam: os fatos do momento, os fenômenos imediatos, as notícias da hora. Falar sobre o que aconteceu há pouco, para mim, é tão estimulante quanto pescar num tanque cheio de peixes.

Aristóteles já havia dito algo assim: que conhecimento verdadeiro é conhecimento que vai além das últimas ocorrências, e envolve causas, circunstâncias, contingências e relações. Assim, quem não considera isso não entende nada e tudo o que fala não passa de pitaco, quando não mera futrica.

Prefiro as conversas sobre conjunturas, generalizações fundamentadas, sentidos e razões. Comentar os fatos é participar do papo maçante do fofoqueiro, mas tentar entender o que envolve esses fatos, e não é perceptível a uma primeira olhada, isto sim é muito mais interessante.