O coronavírus é um problema mundial, sim. No entanto, um problema provavelmente superestimado, como é comum acontecer periodicamente. Se puxarmos da nossa memória, lembraremos de outras epidemias que assolariam o mundo e tiveram o impacto infinitamente menor do que o alardeado.

Não sei exatamente qual a periculosidade real do coronavírus. No entanto, de uma coisa eu sei: as pessoas têm uma tendência à histeria coletiva.

Mas por que esses movimentos de alarmes generalizados acontecem?

O fato é que as pessoas têm uma capacidade muito limitada de lidar com os pequenos riscos. Elas os ignoram completamente ou lhes dão peso excessivo. As pessoas são insensíveis às probabilidades e, geralmente, suas reações são desproporcionais a elas.

Esse padrão foi denominado pelo estudioso Cass Sustein como “negligência com probabilidade”.

Junte-se a isso o chamado viés de disponibilidade, que é a tendência de considerarmos mais importante e mais real aquelas coisas que vêm mais facilmente à nossa mente.

Então, como no caso do coronavírus, temos todos os meios de informações falando o tempo todo sobre essa doença, tratando-a como uma grande epidemia, ressaltando as mortes que acontecem por causa dela, replicando as medidas extremas dos governos e das instituições para tentar contê-la, não há como deixarmos de pensar nela quase o tempo todo. A qualquer pessoa que se pergunte de qual doença ela tem mais medo, certamente sua resposta será: coronavírus.

O problema é que, estatisticamente, o coronavírus é menos letal que diversas outras doenças semelhantes, e, provavelmente, atingirá menos pessoas do que outras doenças atingiram. Entre pessoas saudáveis, inclusive, os casos de morte são baixíssimos.

Isso não significa que cuidados não devam ser tomados e o monitoramento não deva ser feito. Além de outras ações que busquem conter a propagação do vírus e a própria doença.

No entanto, se ignorar o fato é um erro, criar um clima de terror é pior ainda.

Os números estão aí, são claros e objetivos. Mas tudo isso não importa. Isso é estatística, números, probabilidade e, como eu disse, as pessoas são insensíveis a eles.