Há características culturais que se assemelham muito a patologias. Costumamos ver estas como anormalidades que se manifestam nas pessoas individualmente. Porém, já escrevi sobre como uma cultura pode apresentar, por exemplo, características psicopáticas. Agora, quero mostrar que ela também pode ser esquizofrênica.

A característica marcante da esquizofrenia é a defesa obsessiva do self. O esquizofrênico vê tudo como uma ameaça ao seu ego e, para protegê-lo, chega a criar selfs-máscaras, que servem para esconder quem ele é verdadeiramente.

O esquizofrênico pode parecer, muitas vezes, uma pessoa bastante normal. Mas isso é só aparência. O que ele faz é criar personagens que interajam socialmente. Mas isso com um objetivo muito claro: esconder e proteger a verdadeira personalidade.

O problema da personalidade esquizóide é que ela é paranóica e acha que todo mundo está tentando desvendá-la. Seu maior medo é ser descoberta; é verem quem ela é verdadeiramente. A vida do esquizofrênico praticamente resume-se em agir em defesa de seu ego.

Posto isso, fica muito claro que quase toda a atuação das pessoas em redes sociais e demais círculos de convivência tem muito dessa atitude esquizofrênica. Percebe-se que boa parte de suas manifestações, ditos e interações são feitas não pelo seu self verdadeiro, por sua verdadeira personalidade. O que se apresenta são, de fato, as máscaras – ou como os sociólogos e filósofos preferem chamar: os papéis sociais.

Papel social uma pinóia!

O que aparece mesmo é um belo de um personagem, uma figura fingida que faz o maior esforço para, ao mostrar aquilo que seu autor quer mostrar, esconder a pessoa real que se esconde por trás.

E tudo isso sob os aplausos e aprovação do meio. Afinal, uma atitude esquizóide só pode ser considerada normal dentro de uma cultura esquizóide.